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Presidente do Peru enfrentará novo processo de impeachment por ligação com Odebrecht

Com 87 votos favoráveis - mesma quantidade necessária para afastá-lo do cargo -, Congresso aprovou moção que permitirá votação, na próxima quinta-feira, da destituição de Pedro Pablo Kuczynski; presidente poderá se defender antes de decisão

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Por Redação
Atualização:

LIMA - O Congresso do Peru iniciou nesta quinta-feira mais um processo de impeachment contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski, acusado de ter sido beneficiado pela construtora brasileira Odebrecht em duas ocasiões.  O futuro de PPK será decidido no dia 22, quando os congressistas decidirão sobre seu afastamento. Se a moção for aprovada, o país poderá ser representado por um novo líder na Cúpula das Américas, que será realizada em Lima, em abril.

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O novo processo de impeachment alega “incapacidade moral” por parte do presidente. Ele foi aprovado com 87 votos, o mesmo número necessário para sua destituição – 15 deputados votaram contra e outros 15 se abstiveram. Para o trâmite ser admitido pelo Congresso peruano, bastariam 51 votos.

Queda de presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, ameaça Cúpula das Américas Foto: Guadalupe Pardo/Reuters

Kuczynski enfrentou um processo similar em 21 de dezembro, após ser acusado de ter mentido sobre uma consultoria de US$ 782 mil feita à Odebrecht quando ele era ministro da Economia do ex-presidente Alejandro Toledo, entre 2004 e 2006. Antes da revelação do negócio que manteve com a empreiteira brasileira, feita pela comissão parlamentar que acompanha os desdobramentos da Operação Lava Jato, PPK negava ter tido qualquer envolvimento com o caso.

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Na ocasião, faltaram oito votos para destituir Kuczynski. A abstenção de dez deputados do partido fujimorista  Força Popular, todos ligados ao filho mais novo do ex-ditador, Kenji Fujimori, foi determinante para a moção não ser aprovada. 

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Dois dias depois da votação, na véspera de Natal, Alberto Fujimori, que cumpria 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção, recebeu o perdão presidencial. Kenji teria negociado o indulto do pai em troca do rompimento com sua bancada, liderada por sua irmã, Keiko, que votou a favor do impeachment.

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A situação de PPK voltou a se agravar no dia 28 de fevereiro, quando Jorge Barata, ex-executivo da Odebrecht no Peru, declarou à Procuradoria-Geral da República, em São Paulo, que a empreiteira financiou, por meio de caixa dois, cinco políticos peruanos, entre eles o atual presidente. 

A campanha de Kuczynski pela presidência em 2011 – eleição na qual ele foi derrotado por Ollanta Humala – teria recebido US$ 300 mil da Odebrecht. PPK nega qualquer irregularidade. “Não tenho nada o que esconder e estou disposto a depor com total transparência às instâncias correspondentes”, tuitou Kuczynski ontem, após prestar depoimento ao procurador que investiga o escândalo da Odebrecht no Peru. 

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O presidente, que terá a oportunidade de se defender no Congresso antes da votação do impeachment, não comentou o novo pedido de afastamento. O cientista político peruano Francisco Belaúnde explicou que, na primeira votação de impeachment, a esquerda estava fragmentada no Congresso: a Frente Ampla era a favor do impedimento, mas o partido Novo Peru, era contra. 

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Cada legenda detém dez assentos no Parlamento. Com o indulto de Fujimori, porém, o Novo Peru rompeu com o presidente. A atual moção foi apresentada conjuntamente pelos dois partidos de esquerda. “Kuczynski não tem muito o que negociar, desta vez”, disse ao Estado.

Analistas afirmam que PPK, um político conservador, de 79 anos, buscará cooptar mais votos a seu favor na bancada fujimorista. “Foi obtido o número exato (de votos) necessário para destituí-lo. É um número que pode subir ou se reduzir, o que pode indicar que haverá uma guerra até a morte entre ambos os lados”, disse à agência France Presse o analista político Luis Benavente. “Kuczynski tem uma margem de jogo com Kenji e Alberto Fujimori.”

Pesquisa do instituto Ipsos, publicada no domingo, revelou que 58% dos peruanos são favoráveis à destituição de PPK, enquanto 37% dizem que o presidente deveria continuar no cargo até o fim de seu mandato, em 2021. / AFP, COM GUILHERME RUSSO

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