O presidente do Sudão atacou os EUA neste domingo, dizendo que os planos de Washington de criar um "novo Oriente Médio" estão por trás da pressão internacional pela substituição das tropas da União Africana por soldados da ONU, na região de Darfur, assolada pela guerra. O presidente Omar al-Bashir sempre se opôs à intervenção das Nações Unidas na remota região sudanesa de Darfur, mas ele intensificou sua retórica antiocidental neste domingo, mirando nos EUA em busca de apoio interno para o que ele considerou como um longo confronto. Em discurso aos ministros do gabinete e a jornalistas reunidos em Cartum, o presidente afirmou que os EUA e a Inglaterra queriam dominar a região em nome de interesses de Israel. "Eles querem usar a questão de Darfur para recolonizar o Sudão", afirmou al-Bashir, em tom desafiador. O líder sudanês, que acaba de voltar de uma viagem internacional em busca de apoio dos países não-alinhados e para participar da assembléia da ONU, disse que membros do governo foram barrados injustamente durante a visita aos EUA. Em resposta, nenhum membro do governo dos EUA terá permissão de viajar a mais de 25 quilômetros de distância do palácio presidencial em Cartum sem uma permissão especial, disse al-Bashir. Ao menos 200 mil pessoas foram mortas e 2.5 milhões fugiram de suas casas em Darfur, uma região árida e remota do Sudão, onde a milícia árabe Janjaweed, apoiada pelo governo sudanês, é culpada pelo o que os observadores internacionais consideram de genocídio de etnias africanas. Mas al-Bashir disse que a crise humanitária na região foi inflada pela mídia ocidental. "Eu desafio qualquer estatística precisa que mostre que o conflito causou a morte de mais de 10 mil em Darfur, afirmou al-Bashir, acrescentando que outros podem ter morrido de fome. Al-Bashir declarou novamente sua "total rejeição" à resolução do Conselho de Segurança da ONU que demanda pelo envio de 20 mil soldados da ONU a Darfur. "A resolução, de fato, colocaria o Sudão sob mandato internacional", disse al-Bashir. "Isso nega todas as instituições do Estado sudanês".