Presidente eleita na Coreia do Sul terá no Norte o maior desafio

Park Geun-hye, primeira mulher a chegar ao cargo, precisa conciliar pressão por laços com Pyongyang e interesses dos EUA

PUBLICIDADE

Por GI-WOOK SHIN , DAVID STRAUB , STANFORD e CALIFÓRNIA
Atualização:

Especialistas americanos analisavam ontem que as relações com a Coreia do Norte serão o principal desafio da conservadora Park Geun-hye. Ela foi eleita presidente sul-coreana na quarta-feira, exatamente uma semana depois que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assistiu ao primeiro teste bem-sucedido de um foguete de longo alcance.Park é uma defensora mais direta da aliança com os EUA do que seus rivais progressistas. A questão crítica para os americanos é se a nova presidente da Coreia do Sul será a um só tempo uma líder forte e uma boa parceira para lidar com a crescente ameaça norte-coreana. Os EUA mantiveram uma cooperação estreita sem precedente com o governo conservador do atual presidente, Lee Myung-bak, porque eles compartilhavam um forte consenso sobre a Coreia do Norte. Isto poderá mudar com a nova liderança em Seul se não houver uma considerável atenção e esforço da parte do governo de Barack Obama. Como Lee, Park ressalta a primazia dos Estados Unidos como parceiro de segurança da Coreia do Sul e condiciona mais concessões à Coreia do Norte à disposição de Pyongyang de abandonar seu programa de armas nucleares. Mas Park diz que fará grandes esforços para convencer a Coreia do Norte a aumentar a confiança mútua mediante passos recíprocos que ela chama de "trustpolitik" (algo como política da confiança). Também diferentemente de Lee, ela declarou que fornecerá ajuda alimentar em grande escala à Coreia do Norte sem condições. Seja como for, Park estará sob pressão popular para fazer uma tentativa séria de aproximação com o Norte. Muitos sul-coreanos estão incomodados também com o apoio puro e simples que Lee deu à aliança com os EUA, sentindo que isso azedou relações com a China, maior parceira comercial da Coreia do Sul. Apesar de o governo Obama ter dado sinais antes da eleição que se esforçaria mais por uma política para a Coreia do Norte junto com quem vencesse a eleição na Coreia do Sul, Park ainda terá dificuldade de forjar uma agenda que atenda tanto às demandas populares quanto aos interesses americanos, especialmente com Pyongyang testando cada vez mais os limites de Washington. Na condição de filha do ex-presidente de facto Park Chung-hee, Park traz uma bagagem pesada. Ela alcançou destaque porque seu pai chefiou o "milagre" econômico coreano dos anos 1960 e 1970, mas ele é lembrado também por seu regime autoritário. Além das questões políticas, Park será a primeira presidente mulher em um país dominado por homens.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.