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Presidente eleito sul-coreano é contra ataque ao Norte

Por Agencia Estado
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O presidente eleito da Coréia do Sul declarou que se oporá a qualquer consideração de uma opção militar americana para obrigar a Coréia do Norte a abandonar seu programa nuclear. As declarações de Roh Moo Hyun contrastam com as do presidente americano, George W. Bush, para quem "todas as opções estão sobre o tabuleiro" para enfrentar o regime de Pyongyang, embora até agora ele tenha privilegiado a via diplomática. Roh, que assumirá a presidência em 25 de fevereiro, disse aos integrantes da Câmara de Comércio coreana que está "disposto a discordar dos EUA", o principal aliado de seu país, "se isso contribuir para evitar a guerra". "Um ataque à Coréia do Norte poderia provocar uma guerra que envolveria toda a Península Coreana", disse Roh. "É um assunto grave, e neste momento estou contra, até mesmo, levar essa idéia em consideração". Fontes sul-coreanas disseram à agência Ansa que ainda não está decidida a data da visita que Roh prometeu fazer aos EUA, embora se estime que ela poderá acontecer em abril ou maio. Um primeiro contato entre os dois governos ocorrerá quando o secretário de Estado americano, Colin Powell, for à Coréia do Sul para assistir à posse de Roh. A Coréia do Sul quase certamente seria devastada em uma guerra contra a Coréia do Norte porque Seul, sua capital, está apenas um pouco ao sul da fronteira, dentro do raio de alcance da artilharia norte-coreana. Ao mesmo tempo, muitos sul-coreanos não percebem a Coréia do Norte como uma ameaça militar grave e acreditam que os EUA estão exacerbando as tensões mais do que a Coréia do Norte. O ministro da Defesa sul-coreano, Lee Jun, disse hoje que o Exército da Coréia do Norte, de 1,1 milhão de soldados, estava empenhado em suas manobras anuais de inverno, "melhorando sua preparação". Lee não descartou a possibilidade de que a Coréia do Norte tente exacerbar as tensões retomando os testes com mísseis, mas disse que a situação no Norte é mais sossegada comparada com a crise similar de 1994, quando o governo norte-coreano declarou estado de guerra e deslocou grande parte da população para refúgios subterrâneos. Ao mesmo tempo, os legisladores sul-coreanos escutaram um depoimento sobre a Coréia do Norte do chefe do serviço nacional de inteligência, Shin Kuhn. Shin disse que não havia sinais de que a Coréia do Norte tivesse reativado suas instalações atômicas em Yongbyon - as quais, segundo os EUA, podem ser usadas para extrair plutônio para armas atômicas, segundo a agência noticiosa sul-coreana. Washington acredita que a Coréia do Norte já tenha uma ou duas bombas atômicas e que poderia fabricar rapidamente outras duas, se reativar a instalação de reprocessamento de resíduos de combustível nuclear. A Coréia do Norte disse, nesta quarta-feira, que recentes medidas tomadas para retomar a escalada nuclear ocorreram "em defesa própria", e acusou Washington de "conduzir a situação a uma etapa de confronto" ao negar-se a assinar um tratado de não-agressão com Pyongyang. A Coréia do Norte está tomando ?medidas ousadas? a fim de reanimar sua economia debilitada, disse um porta-voz não identificado da Chancelaria sul-coreana, citado pela agência noticiosa norte-coreana KCNA. O principal jornal de Pyongyang, Rodong Sinmun, advertiu hoje que a pressão militar dos EUA poderá provocar uma "explosão catastrófica".

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