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Presidente francês diz que Putin garantiu que não haverá 'escalada' na Ucrânia, mas Kremlin nega

Os dois líderes se encontraram em Moscou, durante viagem diplomática de Macron para reduzir as tensões; nesta terça, o presidente vai a Kiev

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Por Redação
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MOSCOU - O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira, 8, que conseguiu, durante sua reunião na véspera com o colega russo Vladimir Putin, a garantia de que "não haverá degradação ou escalada" na crise ucraniana que opõe a Rússia aos países ocidentais. O Kremlin nega que tal promessa tenha sido feita.

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"Tratava-se de prevenir uma escalada e abrir novas perspectivas (...) e esse objetivo foi alcançado", disse Macron a repórteres antes de desembarcar em Kiev para uma reunião com o presidente Volodymyr Zelensky

O presidente francês esteve em Moscou na segunda-feira 7, onde se reuniu com o presidente russo por mais de cinco horas. "Eu me assegurei de que não haverá deterioração ou escalada", declarou Macron, que disse que encontrou seu colega russo "determinado, bastante seguro de si e seguindo em frente com sua lógica".

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin (E), e da França, Emmanuel Macron, se reuniram em uma longa mesa branca em um salão do Kremlin, em 7 de fevereiro Foto: Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, Rússia e França ainda não haviam conseguido chegar a um acordo sobre a diminuição das tensões.

A viagem diplomática de Macron continuará à tarde em Berlim com o chanceler alemão Olaf Scholz, que acaba de retornar de um encontro em Washington para discutir o assunto com o presidente dos Estados UnidosJoe Biden

Os ocidentais temem uma invasão da Ucrânia, já que dezenas de milhares de soldados russos estão mobilizados na fronteira ucraniana há semanas.

Solução diplomática

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Enfrentando uma das piores crises entre russos e ocidentais desde a Guerra Fria, os europeus intensificaram os contatos diplomáticos nos últimos dias.

O presidente francês disse na segunda-feira que recebeu garantias de Putin sobre "a estabilidade e a integridade territorial da Ucrânia". Putin, por sua vez, considerou que "algumas ideias" de seu colega francês poderiam "lançar as bases para um progresso comum" e planeja falar com ele novamente após sua viagem a Kiev. 

"Faremos todo o possível para encontrar compromissos que satisfaçam a todos", disse o líder do Kremlin, garantindo que nem ele nem Macron desejam uma guerra entre a Rússia e a Otan, que "não teria vencedor".

Putin, que não disse nada sobre as tropas russas posicionadas na fronteira com a Ucrânia, mais uma vez denunciou a recusa do Ocidente em ceder e acabar com a política de ampliação da Otan e retirar seus militares do Leste Europeu.

Demandas

A Rússia apresentou suas demandas como condições para uma desescalada. Mas, de acordo com a presidência francesa, Putin concordou em considerar as propostas de Macron, incluindo o compromisso de não tomar novas iniciativas militares de nenhum dos lados, o início de um diálogo sobre a posição militar russa e conversas de paz sobre o conflito da Ucrânia.

A Rússia também teria concordado em retirar suas tropas de Belarus assim que as manobras forem concluídas em fevereiro. 

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A Rússia já invadiu uma parte da Ucrânia em 2014, quando anexou a península da Crimeia. Desde aquele ano, milícias separatistas pró-Rússia, apoiadas por Moscou, enfrentam o exército ucraniano no leste do país, com um saldo de mais de 13 mil mortos. 

O presidente francês é o primeiro líder ocidental de alto nível a se reunir com Putin desde que as tensões aumentaram em dezembro. Scholz também se encontrará com o presidente russo em Moscou em 15 de fevereiro, após uma visita a Kiev. / AFP e REUTERS

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