Presidente iraniano anula lei que autoriza presença feminina em estádios

Mahmoud Ahmadinejad recuou em sua decisão depois que o aiatolá Ali Khamenei desaprovou a idéia

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Por Agencia Estado
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No primeiro racha entre o presidente iraniano e seus aliados conservadores, Mahmoud Ahmadinejad reverteu nesta segunda-feira sua decisão de permitir que mulheres compareçam a estádios em jogos de futebol, informou um porta-voz do governo. No mês passado, o presidente iraniano disse que permitiria que as mulheres comparecessem aos jogos, ficando em áreas separadas dos homens, em uma tentativa de "melhorar o comportamento dos espectadores e promover uma atmosfera saudável". Mas o aiatolá Ali Khamenei - líder supremo do Irã e que pela Constituição do país tem a palavra final nas decisões - desaprovou a idéia. "O presidente decidiu rever sua decisão baseado nas opiniões do líder supremo", disse o porta-voz do governo, Gholam-Hossein Elham. "O líder supremo mudou de opinião para respeitar as regras sobre os grande aiatolás", completou. A decisão de dar às mulheres o direito de ir aos estádios provocou a ira dos clérigos xiitas que apoiaram no ano passado a eleição de Ahmadinejad. Desde a revolução islâmica de 1979, eles controlam com mãos de ferro a sociedade iraniana. Irados, disseram que "o presidente deveria ter consultado as autoridades religiosas antes de tomar uma decisão como essa". Partidos políticos também questionaram a iniciativa do presidente, alegando que a sociedade iraniana ainda não estava preparada para uma mudança desse tipo. Baseada na lei islâmica, a Constituição iraniana impõe severas restrições às mulheres do país, que necessitam, por exemplo, de autorização de um membro da família para viajar ou trabalhar. A elas não é permitido assumir um cargo de magistrado e, em um tribunal, o testemunho de um homem vale o dobro do de uma mulher. Os iranianos podem se divorciar facilmente, enquanto as mulheres devem passar por uma longa batalha judicial para poderem se separar. Em março, policiais reprimiram uma manifestação pacífica em prol dos direitos das mulheres, o que provocou o repúdio de grupos de direitos humanos em todo o mundo. Apesar das restrições, as iranianas têm mais direitos do que mulheres em outros países muçulmanos ainda mais conservadores, como a Arábia Saudita.

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