Presidente iraniano prepara encontro com líder saudita

Rivais regionais, países discutirão crise no Oriente Médio. Para analistas, manobra pode ser uma tentativa de Mahmoud Ahmadinejad para deixar isolamento

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Por Agencia Estado
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, viajará para a Arábia Saudita no próximo sábado, onde participará de uma reunião com o rei Abdullah. O encontro entre os dois principais líderes regionais vem num momento em que crescem as expectativas por um acirramento no conflito entre o Irã e os Estados Unidos. "Os dois chefes de Estado irão discutir assuntos relacionados ao mundo islâmico, relações bilaterais e a situação no Oriente Médio", disse o embaixador do Irã na Arábia Saudita, Mohammad Hosseini. "Quando os pontos de vista dos dois países se aproximarem, eles poderão desempenhar um papel de mais influente na caótica situação no mundo islâmico e Oriente Médio", continuou. Ainda segundo Hosseini, caso o atual cenário permaneça, ele se tornará uma ameaça para todos os países da região. Prevista para durar apenas um dia, a visita de Ahmadinejad é o resultado de semanas de intenso esforço diplomático desempenhado pelo reino árabe - o que incluiu o envio de representantes de ambos os países para as respectivas capitais, um encontro de Abdullah com o presidente egípcio Hosni Mubarak e o acordo entre facções rivais palestinas acertado na cidade saudita de Meca. O encontro acontecerá dias antes de uma reunião chave entre representantes dos países vizinhos do Iraque - entre eles Irã e Síria - com diplomatas americanos e britânicos para discutir uma forma de acabar com a violência sectária que castiga o país em guerra. A visita de Ahmadinejad acontecerá em um momento bastante sensível para o líder iraniano, que vem sendo pressionado por países ocidentais para que cancele seu polêmico programa de enriquecimento de urânio. Estados Unidos, Reino Unido e Israel - entre outros países - temem que Teerã esteja desenvolvendo tecnologia para construir uma bomba atômica. Isolamento Por isso, analistas interpretam a manobra de Ahmadinejad como uma tentativa de deixar o isolamento. Além disso, o regime iraniano é acusado de colaborar com grupos insurgente no Iraque, além de grupos radicais no Líbano e territórios palestinos. Embora os Estados Unidos - que nos últimos meses ampliou sua presença militar no Golfo Pérsico - diga que não possui planos para atacar o Irã, o vice-presidente americano, Dick Cheney, disse na semana passada que nenhuma opção para conter Teerã pode ser descartada. "A região tem enfrentado várias crises potencialmente explosivas, e todas preocupam tanto o Irã como a Arábia Saudita", disse o analista saudita Khaled al-Dakhil. "A Arábia Saudita tornou-se um foco de intensa atividade diplomática na região. Assim sendo, o Irã deveria tentar manter um canal aberto com a Arábia Saudita e usá-lo em níveis regional e internacional." Líder responsável Dominada por árabes sunitas, a Arábia Saudita está preocupada com violência entre sunitas e xiitas no Iraque - país com o qual o reino possui uma longa fronteira - e a crescente tensão sectária no Líbano. O principal temor é de que os conflitos se acirrem e se espalhem para o resto do Oriente Médio. Segundo um diplomata saudita que falou em condição de anonimato, "o fato de o rei Abdullah aceitar se encontrar com Ahmadinejad irá elevar o status do líder iraniano domestica e internacionalmente como um estadista responsável". "Conheço o estilo da diplomacia saudita. Eles não dariam (a Ahmadinejad) essa opção sem receber certas garantias de que ele trilhará um caminho responsável".

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