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Presidente iraquiano condena críticas à ação dos EUA

Jalal Talabani, que é curdo, considerou especialmente perigosa a recomendação para reintegrar partidários de Saddam Hussein ao serviço público e à vida política

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente iraquiano, Jalal Talabani, criticou duramente um relatório elaborado por uma comissão bipartidária americana, que recomendou mudanças na política dos Estados Unidos para o Iraque. Segundo Talabani, algumas das recomendações feitas no texto, que propõe uma retirada americana do Iraque em 2008, são "muito perigosas" e põem em jogo a soberania de seu país. Talabani, que é curdo - uma das populações oprimidas sob o regime de Saddam Hussein, que privilegiava a comunidade sunita - afirma que o relatório "não é justo, não é correto e contém alguns artigos muito perigosos, que minam a soberania do Iraque a Constituição". Ele destacou o pedido, feito no relatório, para que se aprove uma lei que poderia permitir que milhares de ex-lideranças do Partido Baath, que sustentava a ditadura de Saddam, voltem a ocupar cargos públicos. "Há um artigo para trazer de volta os baathistas à cena política, o que é muito perigoso", disse ele. Segundo o relatório, a política do presidente George W. Bush no Iraque "não está funcionando". O Grupo de Estudo para o Iraque também pediu a Washington que reduza seu apoio político, militar e econômico se o governo iraquiano fracassar em ampliar a segurança e obter a reconciliação no país - onde, após mais de três anos e meio de guerra, a violência sectária mata dezenas de pessoas diariamente. O influente grupo, chefiado pelo ex-secretário de Estado republicano James Baker e pelo ex-deputado democrata Lee Hamilton, apresentou uma avaliação pessimista da situação no Iraque e traçou um quadro de violência desenfreada, com distúrbios se espalhando para toda a região, se os EUA fracassarem em estabilizar o país. Entre as 79 recomendações, o grupo pede à Casa Branca que, em meio à ofensiva diplomática que deve ser lançada antes do fim do ano, abandone sua resistência em dialogar diretamente com o Irã e a Síria - acusados por autoridades americanas de incentivar a insurgência iraquiana. Também pede a Bush que reviva os esforços para obter uma "ampla paz árabe-israelense". Segundo o estudo, os EUA não podem alcançar seus objetivos no Oriente Médio se não se ocuparem diretamente do conflito palestino-israelense e da instabilidade regional. Bush disse que analisará o relatório "muito seriamente" após reunir-se com o grupo, mas a Casa Branca já deixou claro que ele não ficará atrelado a suas idéias e iniciou sua própria revisão da política iraquiana. "A situação no Iraque é grave e está se deteriorando", disse o grupo, formado por cinco republicanos e cinco democratas. ´Não há uma fórmula mágica para resolver os problemas´, disse James Baker. "Não recomendamos a solução de manter o rumo. Na nossa opinião, essa política não é mais viável."

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