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Presidente iraquiano vê risco de guerra civil no país

Em dia de intensas disputas sectárias, Talabani declara que desunião nacional pode levar a guerra civil

Por Agencia Estado
Atualização:

Após um dia marcado pela violência entre muçulmanos xiitas e sunitas no Iraque, autoridades estrangeiras e do governo iraquiano expressaram preocupação com a possibilidade de eclosão de uma guerra civil no país. O presidente iraquiano Jalal Talabani alertou para o classifica como uma "conspiração que tem como alvo a unidade do país". Talabani fez a declaração depois que duas bombas destruíram o domo dourado da mesquita de Askariya, o mais importante templo xiita do país, na cidade de Samarra. "Nós devemos nos manter de mãos dadas para evitar uma guerra civil." O ataque gerou reações imediatas entre militantes xiitas, que responderam à provocação queimando 60 templos sunitas em todo o país. O Iraque, cuja população majoritária é xiita, vive um processo de intensas negociações entre partidos xiitas, sunitas e curdos para a formação de um governo de coalizão. Para as forças de ocupação americanas e britânicas, um governo unido é parte essencial do plano para acabar com a insurgência mortal comandada por lideranças sunitas. O embaixador americano e o principal comandante militar dos EUA no Iraque classificaram o atentado contra a mesquita de Askariya como um ato desesperado e desprezível para tentar fomentar as disputas sectárias no país. "Dada a importância histórica, cultural e religiosa dessa mesquita, este ataque é um crime contra a humanidade", disseram o embaixador americano Zalmay Khalilzad e o general George Casey em uma declaração conjunta. "A mesquita deve ser reconstruída, e os EUA irão contribuir." Ambos pediram calma aos xiitas que se levantaram contra o ataque: "Aqueles que cometem atos de violência sectária no rastro deste evento trágico estão apenas servindo aos interesses dos terroristas." A Casa Branca também manifestou repúdio ao ataque: "Em nome do povo americano, o presidente presta suas profundas condolências ao povo iraquiano por este ataque brutal", disse o secretário de imprensa do presidente George W. Bush, Scott McClellan. Para um político xiita, no entanto, o embaixador americano tem parte da responsabilidade pelo atentado, pois teria criticado as forças de segurança lideradas por xiitas. O chefe da Suprema Corte para a Revolução Islâmica no Iraque, Abdul-Aziz al-Hakim, citou um pronunciamento de Khalilzad em que o embaixador americano disse que os EUA não continuará a apoiar instituições lideradas por grupos sectários ligados a milícias armadas. "Essa declaração deu sinal verde para mais grupos terroristas", disse.

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