Em pronunciamento realizado nesta quarta-feira, o presidente israelense, Moshe Katsav, negou com veemência as alegações de que teria abusado sexualmente de quatro funcionárias, e afirmou que vai renunciar caso seja formalmente indiciado. "Eu não realizei nenhuma das ações atribuídas a mim", disse Katsav a repórteres em um discurso irritado, depois de pedir ao Parlamento israelense uma licença temporária. Ele classificou as acusações como "mentiras venenosas e horripilantes", e disse que permanecerá no cargo para provar sua inocência enquanto o indiciamento não acontece de fato. "A lei não exige que eu saia. O promotor-geral não exige isso. Não estou preparado para aceitar chantagens", completou ele. E acrescentou: "Se ele decidir (me acusar), prometo renunciar." Katsav, que foi alertado pelo promotor-geral de Israel de que está prestes a ser indiciado, vem sendo pressionado a renunciar por altas autoridades israelenses, entre elas a ministra da Justiça e de Exterior, Tzipi Livni. Caso não saia, o presidente poderá ser réu em um processo de impeachment. "Não acreditem na calúnia, na difamação, nas mentiras. Há apenas uma verdade. Eu sou alvo de um dos piores ataques na história do Estado de Israel", disse o Katsav. Com a voz embargada, o presidente culpou a mídia - apoiada pela polícia - pelo que classificou como uma campanha difamatória, e disse que "lutaria até seu último respiro, mesmo que isso signifique uma guerra mundial, para limpar meu nome". Em um ponto da entrevista, Katsav chegou a gritar para um repórter, dizendo que ele deveria ter vergonha pela cobertura do escândalo. O presidente terá agora a oportunidade de apresentar sua defesa antes que o promotor-geral Meni Mazuz tome uma decisão final sobre se o indiciará ou não. Katsav, que nasceu no Irã, afirma que as acusações contra ele são motivadas por racismo contra israelenses nascidos no Oriente Médio, que sempre foram marginalizados por judeus de origem européia.