ROMA - Tentando contornar a ausência de um acordo para formar maioria no Parlamento italiano, o presidente Sergio Mattarella anunciou nesta segunda-feira, 7, a proposta de um governo “politicamente neutro” que comandaria o país até dezembro. O chefe de Estado italiano está sob pressão, no entanto, por conta da oposição intensa de alguns partidos, e uma nova eleição pode ser realizada em julho caso os parlamentares não cheguem a um consenso.
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Em declarações para a imprensa após o último dia de consultas com os partidos, pouco mais de dois meses após as eleições de março, Mattarella desconversou sobre quem poderia liderar o governo e pediu aos partidos que sejam “responsáveis”. Caso contrário, o presidente ameaçou convocar novas eleições.
O Movimento 5 Estrelas, partido que transita entre pautas da esquerda e direita, e o Liga, de extrema-direita, conquistaram a maior parte das cadeiras no Parlamento e reafirmaram tanto sua oposição a um governo técnico quanto sua disposição para realizar novas eleições em 8 de julho.
Matteo Salvini, da Liga, e e Luigi Di Maio, Movimento 5 Estrelas, propuseram a data depois da reunião no Parlamento em que nenhum grupo político conseguiu formar maioria. “Oito de julho é a primeira data possível para se votar, e Di Maio também concorda”, disse Salvini a repórteres após o encontro.
Salvini até tentou convencer Mattarella que o autorizasse a formar um governo na condição de chefe da aliança de centro-direita que conquistou mais assentos na eleição. Entretanto a centro-direita ainda precisaria de 50 cadeiras para ter maioria, e, segundo uma fonte do gabinete presidencial, é mais provável que Mattarella tente formar um governo neutro aceitável a um maior número de partidos.
O atual presidente é resistente quanto à ideia de novas eleições, já que considera uma reforma eleitoral imprescindível para a votação. De acordo com Mattarella, sem uma alteração nas leis eleitorais italianas, uma nova votação em julho pode não modificar o equilíbrio de poder, e uma eleição em outubro ameaçaria a adoção do orçamento de 2019, o que comprometeria a estabilidade financeira do país.
“Esta legislatura seria a primeira na história da República Italiana a parar antes mesmo de começar", argumentou Mattarella, indicando ainda que, caso uma maioria política seja formada nos próximos meses, o governo “neutro” renunciaria imediatamente. / AFP e REUTERS