''Presidente não entende nada de agricultura''

ENTREVISTA - José Ignácio García Hamilton: Deputado oposicionista e historiador

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Por Ariel Palacios
Atualização:

A presidente Cristina Kirchner e o ex-presidente Néstor Kirchner "não entendem nada de agricultura", afirma o deputado federal José Ignácio García Hamilton, da oposicionista União Cívica Radical. Em entrevista ao Estado, García Hamilton, que também é um dos mais respeitados historiadores do país, diz que a rebelião fiscal iniciada há mais de três meses pelo ruralistas contra aumentos de impostos não tem precedentes no país. Que resultado espera da votação do projeto do governo? Há poucos dias o governo tinha maioria folgada (no Congresso). Mas a situação mudou. Os deputados estão sendo pressionados pela opinião pública. O Congresso terá um intenso debate, como não se vê faz tempo. A presidente não imaginava que haveria tal reação dos ruralistas? O casal Kirchner não entende nada de agricultura. Não sei se é porque fez carreira numa província, a de Santa Cruz, onde quase não há agricultura. Eles estavam acostumados a administrar uma província que vivia de royalties de gás e petróleo e acham que podem fazer isso com o setor agrícola. Esses impostos são confiscatórios, pois superam a faixa de 35%. Até quando os ruralistas poderão continuar com seus protestos contra os impostos? Essa é uma rebelião fiscal. Tal como a rebelião que deu origem à Carta Magna na Inglaterra na Idade Média. Essas rebeliões só terminam quando os impostos extorsivos são suspensos. Os ruralistas podem enfrentar o governo por muito mais tempo. Os agricultores têm de pagar ao governo mais de 45% de impostos, além de tributos provinciais e municipais. Obviamente, isso gerou uma rebelião fiscal sem precedentes na Argentina. Há 45 anos o Ministério da Agricultura foi extinto e a pasta foi rebaixada a secretaria. Isso é sinal do pouco caso dos governos com o setor agropecuário? No final do século 19 e começo do 20, a agricultura era o setor econômico mais importante do país. Com a chegada de Juan Perón ao poder, em 1946, isso mudou. A atividade foi negligenciada. Isso coincidiu com o início da decadência do país. O descaso com o setor agravou-se com o casal Kirchner.

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