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Presidente paquistanês aceita deixar comando do exército

Ex-premiê exilada em Londres afirma que Pervez Musharraf entrega o posto antes das eleições presidenciais

Por Associated Press e Efe
Atualização:

Benazir Bhutto, ex-primeira-ministra exilada do Paquistão, afirmou nesta quarta-feira, 29, que o presidente general Pervez Musharraf concordou em deixar o comando das Forças Armadas, provavelmente antes das próximas eleições presidenciais. O Tribunal Supremo paquistanês havia aceitado nesta quarta o recurso da oposição para tentar impedir que Musharraf conciliasse o cargo de presidente com o de chefe do Exército. Apresentado pelo líder do partido opositor Jamaat-e-Islami, Hussain Ahmed, o recurso argumenta que o presidente, de 64 anos, ultrapassou o limite para a aposentaria por idade (fixada em 60 anos) em agosto de 2003. Numa entrevista por telefone de Londres para a Associated Press, Benazir acrescentou que acusações de corrupção contra ela e partidários serão arquivadas como parte das negociações em curso para restaurar o regime civil, o que lhe permitiria concorrer a um terceiro mandato como primeira-ministra e retiraria do presidente o poder de dissolver as assembléias. "Estamos muito contentes que o general Musharraf decidiu escutar o povo do Paquistão e vai tirar o uniforme", disse Benazir Bhutto. "Minha expectativa é que ele irá se afastar (do comando das Forças Armadas) antes das eleições presidenciais, mas isso cabe ao presidente dizer". Benazir Bhutto, que já ocupou a chefia do governo por duas vezes e fugiu do Paquistão em 1999 para evitar a prisão, vem negociando com Musharraf para fazer o Paquistão retornar a um regime civil. O ministro das Ferrovias, Rashid Ahmed, que habitualmente fala sobre as negociações, havia dito na terça-feira que 80% dos problemas entre o governo e o PPP já estavam "resolvidos" e que tanto Musharraf como Benazir "estão dando passos corajosos". O recurso de Hussein Ahmed no Supremo, que no dia 23 permitiu ao ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif voltar do exílio, é outro problema para Musharraf, que até agora defendia sua reeleição como presidente sem deixar o uniforme, como exige a oposição.

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