Presidente paquistanês diz aos EUA que não iniciará guerra

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Por Agencia Estado
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Um alto diplomata americano pediu hoje à Índia para responder à altura a promessa do Paquistão de não iniciar uma guerra, mas persistiam os bombardeios na fronteira da disputada Caxemira e pelo menos 14 pessoas foram mortas nos combates. "O presidente (Pervez) Musharraf deixou bem claro que está buscando a paz, que não será ele que iniciará uma guerra", disse o subsecretário de Estado Richard Armitage a repórteres depois de uma reunião de quase duas horas com o líder paquistanês. Armitage adiantou que irá buscar "o mesmo tipo de garantia" quando viajar amanhã para Nova Délhi a fim de conversar com o primeiro-ministro indiano, Atal Bihari Vajpayee. No Departamento de Estado, o porta-voz Richard Boucher repetiu o pedido de Armitage para que a Índia prometa não provocar uma guerra. Boucher também disse que os EUA persistirão em seus esforços para fiscalizar se o movimento de insurgentes baseados no Paquistão em direção ao território controlado pela Índia foi bloqueado, como garante Musharraf. Uma autoridade americana, que pediu para não ser identificada, afirmou que Armitage deixou claro aos paquistaneses que a infiltração no território controlado pelos indianos tem de cessar. "Esperamos que a Índia dê passos recíprocos", disse Boucher. "Assim, achamos que é importante que os dois lados olhem o que fazer, como aliviar as tensões, como afastar a confrontação". Armitage também relatou que Musharraf "expressou sua absoluta determinação" de continuar apoiando os esforços militares americanos contra a rede terrorista Al-Qaeda. Na semana passada, autoridades paquistanesas deslocaram algumas tropas da fronteira com o Afeganistão devido ao aprofundamento da crise na Caxemira. Acredita-se que um grande número de combatentes da Al-Qaeda e do Taleban estejam escondidos na fronteira afegã-paquistanesa. A missão de Armitage ganhou maior importância depois que o presidente russo, Vladimir Putin, não conseguiu arranjar um encontro privado entre Musharraf e Vajpayee esta semana durante uma cúpula regional no Casaquistão. Armitage é o último de uma série de visitantes internacionais tentando mediar o fim da crise entre os dois rivais nucleares do Sul da Ásia. A ameaça de uma terceira guerra pela Caxemira voltou a aparecer em dezembro, quando extremistas islâmicos, lutando contra o controle indiano no dividido encrave himalaio, atacou o Parlamento em Nova Délhi. A Índia acusou os extremistas de serem apoiados pelo Paquistão algo que os paquistaneses negam. Depois do ataque, os dois países concentraram centenas de milhares de soldados em sua fronteira comum. Vajpayee recusa-se a retirar suas tropas ou encontrar-se com Musharraf até que o Paquistão feche campos de treinamento rebeldes e acabe com o fluxo de insurgentes para a Caxemira, que é disputada pelos dois países. A crise tem provocado temores de que a Índia venha a lançar ataques contra a parte da Caxemira controlada pelo Paquistão a fim de erradicar os insurgentes, o que poderia terminar com o uso de armas nucleares por um dos lados. Frente à intensificação dos combates, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha orientaram seus cidadãos a abandonarem imediatamente os dois países. Apesar de sinais de progressos diplomáticos, a violência persiste ao longo da tensa fronteira da Caxemira. Oficiais paquistaneses afirmaram que seis pessoas foram mortas e 13 ficaram feridas no seu lado. Um civil teria sido ferido por bombardeios na parte indiana da Caxemira. Oito outras - três soldados, quatro insurgentes e um civil - também foram mortas em separados incidentes no lado indiano, segundo autoridades. Entre os mortos estava Mohammed Rafiq Lone, líder do pequeno grupo insurgente Harkat-ul Jehad-i-Islami, baseado no Paquistão. Em Washington, um oficial de Defesa dos EUA, que pediu para não ser identificado, relatou que algumas posições de artilharia de ambos os lados foram destruídas nos bombardeios fronteiriços. Ele disse que tanques paquistaneses e indianos têm sido mantidos longe da fronteira, sugerindo que fortes combates terrestres não são iminentes. A atividade aérea - principalmente de helicópteros - se intensificou, segundo ele. A Índia teria cerca de 250.000 soldados e 1.500 peças de artilharia concentrados em seu lado da fronteira da Caxemira. O Paquistão teria cerca de 180.000 tropas e 600 canhões na sua parte. A Índia também teria mais aviões e helicópteros de combate.

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