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Presidente sírio propõe diálogo com os EUA sobre o Iraque

Síria procura diminuir violência entre sunitas e xiitas para evitar uma guerra civil

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Síria, Bashar Assad, disse em entrevista divulgada nesta segunda-feira pela rede ABC-TV, que a Síria está disposta a conversar com os Estados Unidos sobre o Iraque, mas ele não acredita que Washington buscará o diálogo, mesmo que isto possa ser a "última chance" para se evitar uma guerra civil total. Para Assad, o presidente dos EUA, George W. Bush, não tem a "visão" de levar a paz ao Iraque. Na entrevista ao programa "Good Morning America", Assad elogiou o pai de Bush, dizendo que o ex-presidente tinha a "vontade de alcançar a paz na região". Assad afirmou que a Síria tem boas relações com todos os partidos iraquianos, podendo assim desempenhar um importante papel. Podemos "apoiar o diálogo entre as diferentes partes dentro do Iraque com o apoio de outras partes, como os americanos, e os demais países vizinhos". O bipartidário Grupo de Estudo sobre o Iraque recomendou em dezembro que a administração Bush se engajasse num diálogo com a Síria e o Irã, para conseguir que usassem sua influência junto aos grupos extremistas sunitas e xiitas a fim de coibir a violência e evitar que o conflito se espalhe para todo o Oriente Médio. Assad não acredita que a administração Bush venha a buscar contatos diplomáticos, mesmo com uma nova pressão do Congresso americano agora dominado pelos democratas. "Não esperamos isso, depois de quase quatro anos de ocupação, eles não aprenderam a lição, eles não derem início ao diálogo", lembrou Assad. "Acho que agora é tarde demais para eles irem nessa direção. Não significa que não podemos inverter a onda. Mas (talvez seja tarde demais) porque os iraquianos estão rumando para a guerra civil. Então, talvez (possa ser) a última chance que temos para começar" o diálogo. Tropas no Iraque Assad também criticou Washington por tentar resolver a situação no Iraque enviando mais tropas. "Eles falam apenas sobre tropas e força, e não sobre o processo político", frisou. Após rejeitar a sugestão do Grupo de Estudos sobre o Iraque, a administração Bush decidiu enviar mais 21.000 soldados para o Iraque e reforçar a frota americana no Golfo Pérsico, numa advertência ao Irã. O presidente sírio pediu aos americanos para "pararem de buscar bodes expiatórios" e busquem ajuda para resolver a crise no Iraque. Ele rechaçou acusações de que a Síria, assim como o Irã, queiram desestabilizar o Iraque. "Se tivermos caos no Iraque, ele irá transbordar para a Síria e para outros países. Então, dizer isso (que a Síria quer desestabilizar o Iraque), é como afirmar que o governo sírio está trabalhando contra os interesses sírios, isso é impossível", argumentou.

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