O lançamento pela Coreia do Norte de um míssil balístico sobre o Japão, na segunda-feira, marcou uma importante escalada em seus testes de mísseis. Kim Jong-un empenhou-se para garantir armas nucleares e a capacidade de lançá-las. Mas este lançamento foi diferente.
Lançar um míssil balístico sobre o Japão é uma grave provocação. A medida teve como finalidade abalar a confiança dos aliados americanos. O teste ocorreu no momento em que EUA e Coreia do Sul realizam exercícios militares conjuntos anuais e Washington e Tóquio preparam a instalação de um escudo antimísseis.
Kim sabia que abalaria os nervos do Japão e da Coreia do Sul, possivelmente provocando dúvidas sobre a capacidade dos EUA de defender seus aliados. A jogada de Kim também teve como finalidade enviar um sinal a Washington. Chegou depois que o presidente Donald Trump havia se vangloriado que Kim estava “começando a nos respeitar”, depois de sua guerra “de palavras quentes” este mês.
Kim decidiu encarar o desafio de Trump. Na terça-feira à noite, a mídia norte-coreana informou que o líder estava no lançamento, que fora “um representativo prelúdio para conter Guam”.
A situação na Coreia do Norte, em outras palavras, piorou depois que Trump declarou que ela estava melhorando. Isso não é um acidente. Até agora, a Casa Branca tem sido incapaz de colocar em prática uma estratégia clara para lidar com Kim – razão pela qual falta coordenação e eficácia às mensagens e ações do governo americano, Departamento de Estado e Pentágono.
Tranquilizar os aliados dos EUA quanto ao compromisso com sua defesa e garantir uma cooperação próxima com eles, em qualquer resposta ao mais recente lançamento de míssil, deve ser a prioridade dos EUA. Mas o governo Trump deixou de mostrar o tipo de disciplina exigida para a coordenação de uma aliança.
Coordenação. As mensagens contraditórias do governo deixa, às vezes, os aliados sem certeza quanto às intenções dos EUA. Tais mensagens são sintoma da falta de coordenação. Mas não se trata apenas de um problema de comunicações: é a falta de capacidade de colocar em execução uma estratégia que lide com o mais sério desafio de segurança nacional.
Nossos aliados estão em busca da liderança dos EUA. Na ausência de uma clara abordagem americana, podem tomar a resposta nas próprias mãos. Separar os EUA de seus aliados pode fazer parte da meta da Coreia do Norte – e a incapacidade de executar uma estratégia coordenada com seus parceiros iria exatamente nesse caminho. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO É DIRETORA DA ALLIANCE FOR SECURING DEMOCRACY