Pressões internacionais fazem premier iraquiano desistir de candidatura

Al-Jaafari renunciou à sua candidatura para um segundo mandato em meio a pressões dos Estados Unidos e o aumento da violência sectária no país

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Por Agencia Estado
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Sob intensa pressão americana para resolver o impasse político iraquiano, o primeiro-ministro interino do Iraque, Ibrahim al-Jaafari, deixou o caminho livre para que os xiitas retirassem sua candidatura para um segundo mandato, um passo que pode marcar uma reviravolta nos esforços para a formação do novo governo iraquiano. O elemento chave na mudança de idéia de Al-Jaafari foi a pressão do enviado das Nações Unidas (ONU) ao país, Ashraf Qazi. Na quarta-feira, Qazi manteve reuniões com o clérigo xiita mais poderoso do país, Aiatolá Ali al-Sistani, e o clérigo radical Muqtada al-Sadr, informou o legislador curdo, Mahmoud Othman. "Houve um sinal de Najaf", disse Othman, referindo-se à base de al-Sistani na cidade sagrada xiita. "As reuniões de Qazi com al-Sistani e al-Sadr foram a principal razão do desatamento do nó". Novo governo Com Al-Jaafari aparentemente fora do caminho, líderes curdos e sunitas, que se opuseram veementemente à sua candidatura, expressaram otimismo de que eles e os partidos xiitas conseguirão formar um novo governo. Os partidos concordaram em adiar a sessão do Parlamento marcada para quinta-feira até o sábado para dar tempo para que a coalizão xiita substitua Al-Jaafari por um novo candidato. Há meses os partidos iraquianos estão em um impasse sobre a indicação de Al-Jaafari, impedindo a criação de um governo em uma época de aumento da violência sectária. Sunitas e curdos culpam o atual primeiro-ministro de piorar as tensões. Sunitas apontaram ligações de Al-Jaafari com militares a acusados de matar membros de sua comunidade. Na quinta-feira, Al-Jaafari disse à coalizão xiita que eles deveriam votar novamente em seu candidato, o primeiro sinal de que abandonaria a idéia de continuar como ministro. O porta-voz do Dawa, partido do primeiro-ministro, Jawad Al-Maliki, disse a repórteres que "circunstâncias e atualizações ocorreram" levando a saída de Al-Jaafari. Al-Maliki e outro importante político do Dawa, Ali Al-Adeeb, são vistos como possíveis substitutos para o primeiro-ministro. Os xiitas, maior bloco no Parlamento, com 130 legisladores, podem indicar um nome para o cargo de primeiro-ministro. Contudo, eles ainda precisam de votos para que seu candidato seja aprovado. Para isso, necessitam da ajuda de curdos e sunitas. Al-Jaafari venceu a indicação da aliança por apenas um voto de diferença. Com o impasse se arrastando, mais legisladores xiitas mostraram a intenção de descartá-lo. Na quarta-feira o presidente americano George W. Bush pediu aos iraquianos que formem um governo de unidade para que aqueles que foram às urnas reconheçam um governo que responda a suas necessidades.

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