BRASÍLIA - O senador boliviano Roger Pinto, que fugiu para o Brasil no fim de semana após passar mais de um ano na embaixada do País em La Paz, disse que pretende reconstruir sua vida e está muito agradecido à presidente Dilma Rousseff pela concessão de asilo diplomático. O político, que denunciou irregularidades do governo Evo Morales e é acusado de corrupção na Bolívia, diz sofrer problemas renais e tem sinais de depressão.
"Quero reencontrar minha mulher e minhas filhas e tomar decisões de forma conjunta. Não é fácil pensar em reconstruir a vida. Mas tenho fé em Deus e confiança, que tudo se acertará", disse o senador em entrevista à Agência Brasil. "Só tenho a agradecer a presidenta Dilma. Todos entenderam que havia ausência de justiça e que eu, um senador de oposição, era um perseguido."
Ainda de acordo com o opositor de Evo, todas as acusações de corrupção contra ele – mais de 20 – são políticas. "Não sou um criminoso, nem perseguido pela Justiça do meu país, mas, sim, um perseguido pelo governo da Bolívia. Essa é a realidade", afirmou. "Confio na possibilidade de retornar à Bolívia. Defendo a liberdade e a democracia, e acredito que um dia meu país poderá viver isso plenamente."
A fuga do senador boliviano irritou o Itamaraty e o governo da Bolívia. O Ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota, que abrirá um inquérito para apurar as circunstâncias nas quais o opositor do presidente Evo Morales chegou ao País. A chancelaria boliviana declarou o político fugitivo da Justiça e acionou a Interpol.
O senador foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado no domingo, 25, de volta a Brasília pelo Itamaraty, que, aparentemente, não tinha conhecimento da operação.
Pinto, de 53 anos, refugiou-se em maio do ano passado na representação diplomática. Ele alega ser vítima de perseguição política por parte do governo, que o acusa de corrupção. Ele recebeu asilo diplomático do governo brasileiro, mas, sem um salvo-conduto do governo de seu país, não podia deixar a missão brasileira em La Paz. / COM EFE