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Préval aponta possível fraude em eleição no Haiti

Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato à presidência do Haiti, René Préval, afirmou nesta terça-feira ter visto erros grosseiros e uma provável "fraude gigantesca" nas eleições haitianas. Os resultados parciais mostram que ele não conseguirá votos suficientes para ser declarado vencedor no primeiro turno e causaram revolta em seus partidários. "Nós queremos que a vontade do povo do Haiti seja respeitada", afirmou em uma coletiva de imprensa. Préval, antigo protegido do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, fez os comentários depois de retornar de sua residência rural à capital. "Estamos preocupados com a violência nas ruas", disse. Seus partidários acusam autoridades de manipulação na contagem de votos para privá-lo de uma vitória no primeiro turno. "Queremos verificar como salvaremos esse processo", concluiu. Com cerca de 90% dos votos apurados, Préval tinha 48,7% do eleitorado, informou o Conselho Eleitoral em seu site na internet. Seu rival mais próximo, o também ex-presidente Leslie Manigat, tinha 11,8% dos votos, e o empresário Charles Baker, 7,9%. O centro de contagem dos votos, que fica em um parque industrial perto do aeroporto, foi fechado e esvaziado. Dos 2,2 milhões de cédulas, 125 mil foram consideradas inválidas por causa de irregularidades, aumentando as suspeitas entre os partidários de Préval de que oficiais de contagem estavam manipulando a eleição. Outros 4% das cédulas estavam em branco, mas foram adicionadas ao total, tornando mais difícil para Préval obter os 50% mais um voto necessários. O Conselho de Segurança da ONU, reunido nesta terça-feira pediu aos haitianos que respeitem os resultados das eleições e refreiem a violência. O Conselho estendeu a missão de paz no país, a Minustah, por mais seis meses, até o dia 15 de agosto. O porta-voz da ONU David Wimhurst disse que não houve fraude durante as eleições. "Se ele acredita que houve irregularidades tem o direito de pedir uma investigação", afirmou. O diretor geral do conselho eleitoral, Jacques Bernard, negou as acusações de que o conselho tivesse anulado muitos votos para Préval e o enviado especial da ONU ao Haiti, Juan Gabriel Valdes, afirmou que não acredita em fraude. "Estou muito confiante de que o processo foi correto. Claro, pode haver erros e esses erros devem ser examinados". Contudo, o membro do conselho eleitoral Pierre Richard Duchemin disse que lhe foi negado o acesso ao processo de tabulação. "De acordo com a minha opinião, existe um certo nível de manipulação", concluiu.

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