O ex-primeiro-ministro da França, François Fillon, surpreendeu neste domingo ao vencer o primeiro turno das prévias da direita e do centro para escolher o candidato do Partido Republicano (Les Républicains) nas eleições presidenciais de abril e maio de 2017.
A votação, que mobilizou mais de 4 milhões de franceses, marcou também a estrondosa derrota do ex-presidente Nicolas Sarkozy, que acabou em terceiro lugar, fora do segundo turno, que será disputado no próximo domingo.
Em segundo lugar, ficou o ex-primeiro-ministro e ex-ministro das Relações Exteriores Alain Juppé. Até o final da noite deste domingo, no horário francês, Fillon liderava a apuração com 44,1% dos votos. Juppé tinha 28,2% e Sarkozy, 21%. Bem longe, com 2,5%, ficou o deputado Bruno Le Maire, junto da vereadora de Paris Nathalie Kosciusko-Morizet, com 2,5%.
O resultado surpreendeu porque, de acordo com todos os institutos de pesquisa, Juppé liderou a disputa até sexta-feira, último dia de campanha, quando foi realizado o debate final da prévia. Sarkozy aparecia em segundo lugar, mas a dinâmica já apontava o forte crescimento de Fillon, que seguia em terceiro lugar.
Com o avanço da apuração, às 22 horas locais (19 horas em Brasília), uma página da história política da França foi virada. Sarkozy convocou a imprensa para reconhecer sua derrota, informar que vai se dedicar à vida privada ao lado de sua mulher, Carla Bruni-Sarkozy, e de seus filhos. "Chegou a hora de ter uma vida com mais paixões privadas e menos paixões públicas", afirmou. "Boa sorte à França."
Ainda na declaração, o ex-presidente anunciou que apoiará Fillon no segundo turno e nas eleições em 2017 e pediu a seus eleitores que não se voltem para a candidata de extrema direita Marine Le Len, da Frente Nacional (FN). "Os eleitores que me confiaram seu voto são livres para decidir. Mas eu peço eles que nunca tomem o caminho dos extremos", disse, revelando sua preferência a seguir: "François Fillon me parece ser aquele que melhor compreendeu os desafios que a França enfrenta. Eu votarei por ele".
Vencedor da prévia, Fillon agradeceu aos "que compreenderam a importância da primária e se esforçaram para dela participar".
"Os partidos não podem mais ter o monopólio da decisão. Nosso povo quer falar, quer escolher e se engajar. Nossa primária é um impressionante sucesso popular, uma onda", afirmou, já em tom de campanha para o segundo turno da prévia. "Uma dinâmica potente está em curso. Eu estou entre aqueles que quer colocar a França no caminho certo e que escolhe o caminho da verdade."