Trump e Hillary vencem primárias em Nova York

Ex-secretária de Estado dos EUA e magnata republicano confirmam favoritismo

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Por Cláudia Trevisan e Nova York
Atualização:

Donald Trump obteve nesta terça-feira uma vitória avassaladora nas primárias do Partido Republicano em seu Estado natal de Nova York, o que aumentou suas chances de conquistar a candidatura à Casa Branca antes da convenção da legenda, em julho. “Vamos ter muito mais delegados do que todo mundo projetava”, afirmou o bilionário à noite, quando apuração parcial dava a ele 65% dos votos.

Eleita duas vezes senadora por Nova York, a democrata Hillary Clinton derrotou seu adversário Bernie Sanders, que dependia de uma vitória no Estado para manter a credibilidade de sua candidatura. Até a véspera da votação, o senador apostava em uma “virada” que desse impulso às suas pretensões. 

Donald Trump, pré-candidato republicano, em discurso após vitória em Nova York 

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A grande vantagem de Trump em Nova York fortalece sua posição na disputa com o senador Ted Cruz, que tenta evitar que o bilionário obtenha os 1.237 delegados necessários para garantir sua nomeação. Se não chegar a esse número antes do fim das primárias, Trump corre o risco de enfrentar uma convenção aberta, na qual o comando republicano pode tentar escolher um nome mais alinhado com o establishment do partido. “O senador Cruz está matematicamente eliminado”, afirmou o bilionário.

Durante o dia, nova-iorquinos foram às urnas para votar na mais disputada prévia de que participaram em décadas. Em razão do calendário eleitoral, a decisão sobre os nomeados de cada legenda normalmente já está definida quando os moradores do Estado vão às urnas.

A corrida ganhou relevância ainda maior pelo fato de três dos cinco candidatos terem laços com a cidade de Nova York: Trump nasceu no Queens e vive em Manhattan, Sanders passou seus primeiros 19 anos de vida no Brooklyn e Hillary foi eleita duas vezes senadora pelo Estado.

Veronika Conant nasceu na Hungria, Stalin Urbano, na República Dominicana, Elvira T., nas Filipinas, e Maya M., na Índia. Representes dos 37% de estrangeiros que vivem em Nova York, todos foram às urnas.

Conant tem 77 anos e deu seu voto a Sanders, desafiando o estereótipo de que o senador por Vermont é popular entre os jovens, mas tem dificuldades para conquistar os eleitores com mais de 45 anos. “Estou cheia dos que estão governando o país.” Como muitos dos seguidores de Sanders, ela aponta para sua proposta de acabar com a influência das empresas nas campanhas políticas como um fator decisivo de sua escolha. 

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Filha de judeus vítimas do Holocausto, Conant votou na Sinagoga Central, em Manhattan, mesmo lugar onde Trump marcou o seu próprio nome na cédula eleitoral na manhã de terça-feira. Se Hillary vencer a disputa pela nomeação do Partido Democrata, ela não terá o voto de Conant nas eleições gerais de novembro. “Hillary votou a favor da Guerra do Iraque e eu marchei contra a guerra.”

Era difícil encontrar eleitores declarados de Trump em Manhattan, um território democrata onde o presidente Obama venceu as eleições de 2012 com 84% dos votos.

Em frente à Universidade de Columbia, no norte da ilha, o escritor e professor universitário Jim Goodman usava buttons de Hillary e de Sanders. “Qualquer um dos dois é infinitamente melhor do que qualquer republicano”, observou.

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Goodman nasceu em New Jersey, vive há 20 anos em Nova York e votou em Hillary, por acreditar que ela terá mais chances de vencer as eleições gerais. Seu maior receio é que um republicano chegue à Casa Branca e consiga preencher as três ou quatro cadeiras que ficarão vagas na Suprema Corte nos próximo anos, moldando uma instituição que define uma série de questões fundamentais nos EUA.

O dominicano Urbano optou por Hillary por acreditar que ela é a mais experiente e preparada. Seu amigo Ray Arias, também dominicano, avalia que a ex-secretária de Estado é a que melhor representará o país, além de ser a que tem mais chances de vencer Trump. O pragmatismo, porém, não estava entre os fatores que definiram o voto de David Lazarus, de 64 anos, que fez campanha para Sanders. “Bernie propõe o retorno aos valores socialistas de Franklin Roosevelt. Ele está fazendo as pessoas sonharem de novo”, afirmou.

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