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Primeira reunião militar coreana após crise de mísseis fracassa

Foi a primeira reunião entre os países desde que a Coréia do Norte lançou mísseis de testes, um deles com capacidade de alcançar o território americano

Por Agencia Estado
Atualização:

As duas Coréias fracassaram nesta segunda-feira na tentativa de reduzir suas profundas diferenças na primeira reunião militar após a crise desatada em julho por Pyongyang com o lançamento de sete mísseis balísticos sobre o Mar do Japão. "Não foi possível um acordo. Mas ambas as partes revisarão as propostas", assinalou o coronel Moon Sung-mook, que liderou a delegação sul-coreana. Moon acrescentou que ambas as partes compartilharam a necessidade de cooperar militarmente para impulsionar as relações intercoreanas. A reunião se celebrou em Tongilgak, na parte norte da chamada Aldeia do Armistício ou Panmunjom, palco, em 1953, da assinatura do cessar-fogo que pôs fim a três anos de guerra entre as duas Coréias. Esta foi a primeira reunião de altos comandantes militares dos dois países desde que a Coréia do Norte lançou sete mísseis balísticos de testes, um deles intercontinental e com uma capacidade teórica de alcançar território americano, em 5 de julho. Em 7 de julho, após condenar o lançamento, a Coréia do Sul rejeitou a realização de uma reunião militar em Panmunjom, na fronteira comum, que tinha sido marcada dias antes pelas duas Partes. Em resposta a essa provocação militar, que violou uma moratória firmada pela Coréia do Norte em 1999, o Conselho de Segurança da ONU ditou uma resolução, a 1695, na qual condenava o regime Norte-coreano. A resolução pedia a Pyongyang o restabelecimento da moratória sobre esse tipo de teste e demandava aos membros da ONU que impedissem a transferência à Coréia do Norte de componentes e tecnologia destinados à produção de mísseis. A proposta de diálogo para a reunião desta segunda-feira partiu de novo da Coréia do Norte e foi feita na quinta-feira passada por telefone ao governo do Sul, que três dias depois concordou com o encontro. Na reunião de duas horas, a Coréia do Norte condenou as atividades de propaganda anticomunista realizadas por alguns grupos civis conservadores da Coréia do Sul e exigiu seu cessar imediato. As autoridades militares norte-coreanas lembraram que, em junho de 2004, durante a segunda reunião de altos comandantes militares dos dois países, foi acordado o desmantelamento das instalações e cartazes de propaganda política na fronteira comum. A Coréia do Sul informou ao regime norte-coreano que tinha tomado medidas a este respeito, mas instou Pyongyang a entender a "diversidade da sociedade sul-coreana", em referência à liberdade de expressão existente no país. Seul também pediu ao Norte que garanta a segurança da cooperação econômica dos dois países e a retomar a reunião de seus ministros da Defesa para diminuir a tensão militar na península coreana. As últimas negociações bilaterais, das quais participaram os ministros da Defesa das duas partes, ocorreram em 2000. A reunião militar de trabalho anterior, similar à realizada nesta segunda-feira em Panmunjom, ocorreu em maio passado. Naquela época os generais representantes das duas Coréias não puderam alcançar um acordo sobre temas-chave, como garantias para a abertura de comunicações ferroviárias entre os dois países e a navegação segura nas disputadas águas fronteiriças.

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