Primeiro comboio da Cruz Vermelha chega ao Líbano

Cerca de 24 toneladas de alimentos serão enviados, juntamente com um cirurgião

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Por Agencia Estado
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O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou nesta sexta-feira que um primeiro comboio com 24 toneladas de alimentos e material de emergência chegou à cidade portuária de Tiro, no Líbano, o que permitirá atender as necessidades de cerca de 4 mil civis da região. O comboio, que após seis horas de viagem foi recebido em uma pequena base do CICV na cidade libanesa, é o primeiro resultado das negociações mantidas pela organização humanitária com as autoridades israelenses para permitir o acesso às zonas de conflito. Na operação, foi transportado também um cirurgião que se encarregará de entrar em contato com os médicos do hospital de Jebel Amel para estudar as necessidades mais urgentes, assim como a Cruz Vermelha Libanesa em Tiro, cujas equipes médicas têm trabalhado "sob condições extremas" para evacuar doentes e feridos. Por outro lado, o CICV, em colaboração com a Cruz Vermelha do Chipre, habilitou em Larnaca uma base logística de 5.700 metros quadrados para armazenar material que depois será enviado por navio a Beirute e a outros portos libaneses. Na próxima semana sairá um primeiro navio do Chipre com ajuda humanitária, segundo afirmou a organização, que está utilizando as instalações de Amã e tenta habilitar outra em Beirute, para ampliar suas instalações na capital libanesa. O CICV assegurou que a situação continua sendo "extremamente perigosa para os civis", e que um "grande número de pessoas segue abandonando suas casas rumo ao norte do país". Refugiados O Crescente Vermelho da Síria (MLRS) prevê a chegada de outros 15 mil refugiados durante as próximas duas semanas, ao tempo que a Cruz Vermelha Libanesa é a única organização que ainda pode evacuar feridos e civis da zona atacada. Ainda assim, "sua margem de ação permanece muito limitada", segundo o CICV, que assegura ter informações sobre "alguns incidentes de segurança relacionados às ambulâncias e comboios de assistência humanitária durante os últimos dias". As centenas de milhares de pessoas deslocadas estão saturando um número cada vez maior de colégios, praças e outras áreas públicas que "não oferecem condições adequadas e quase não têm provisões de emergência", acrescentou a organização. Por sua vez, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR) pediu nesta sexta-feira 850 mil euros para apoiar os programas de assistência. Reservas O objetivo é auxiliar cerca de 50 mil pessoas nos próximos três meses e reconstituir as reservas de provisões de emergência distribuídas a milhares de retirados e outros grupos afetados. "Acompanhamos de perto a situação, e iremos reavaliar a situação logo que recebamos mais detalhes, uma vez terminadas as avaliações em curso", indicou Iain Logan, do departamento do Oriente Médio e Norte da África da FICR. Logan considera "fundamental que os que fogem das hostilidades tenham acesso a artigos de primeira necessidade, atendimento médico e um abrigo seguro" para viver. Os combates no Líbano já causaram a morte de 330 pessoas, e deixaram milhares de feridos e mais de meio milhão de deslocados. Centros operacionais A MLRS, que fornece aos deslocados água, alimentos e primeiros socorro, estabeleceu nos principais pontos de cruzamento da fronteira centros operacionais: dois em Damasco, um em Homs e outro em Tartous. Até o momento, a MLRS já atendeu cerca de 3 mil pessoas e deu abrigo a mais de mil famílias em casas, escolas, dormitórios e monastérios na área de Damasco, além de alimentar diariamente 8 mil deslocados. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que está à frente das operações relacionadas à crise do Líbano, já pediu esta semana 6,5 milhões de euros para apóia à Cruz Vermelha Libanesa, que continua sendo o maior fornecedor de assistência médica do país.

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