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Primeiro-ministro da China promete reformas nos últimos meses de mandato

Wen Jiabao quer mudanças para frear crescimento do país e reduzir desigualdades sociais

Atualização:

PEQUIM - Wen Jiabao, primeiro-ministro da China, deve renunciar ao cargo no ano que vem, dando lugar a novas figuras na liderança da segunda maior economia do mundo. Por isso, em seus últimos meses de mandato, vai adotar medidas para reduzir o crescimento chinês e promover reformas mais ousadas para evitar que o país tropece e que haja uma distribuição de riqueza mais igual, a fim de reduzir o descontentamento social.

 

 

Em sua entrevista coletiva anual, realizada em Pequim nesta quarta-feira, 14, Wen prometeu fazer a economia mais resistente a pressões externas, desinflar os preços do mercado imobiliário e os riscos da inflação, além de lidar com os mais de US$ 1,7 bilhões em dívida acumulada pelos governos locais. O premiê também quer reformas políticas.

 

"O processo das reformas chegou em um ponto chave. Sem o êxito da reforma política, as reformas econômicas não podem ser realizadas. Os resultados que conseguimos nos últimos nãos podem se perder", disse Wen, de 69 anos. Ele é um dos líderes chineses que mais defendeu a flexibilização das políticas sob o controle do Partido Comunista. Prestes a deixar o cargo, tem pressionado por mudanças.

 

O primeiro-ministro se retira do governo em 2013, junto do presidente Hu Jintao, depois de uma década no poder, vendo a China crescer e se tornar o mais importante agente da economia mundial. Wen, que já assessorou o líder reformista do partido Zhao Ziyang, também falou dos riscos do acelerado desenvolvimento chinês. Segundo ele, "uma tragédia histórica como a Revolução Cultural de Mao Tse Tung poderia ocorrer de novo".

 

Na semana passada, Wen abriu a sessão parlamentar anual anunciando um corte nas metas de crescimento da taxa de 8% - que foi a mantida nos últimos oito anos - para 7,5% em 2012. "Devido à crise da dívida europeia e o encolhimento do mercado externo, há pressões para a redução da nossa economia. Sob essas circunstâncias, vamos reduzir as metas para permitir ajustes estruturais", disse o premiê.

 

Wen também anunciou um pacote de medidas para reduzir as disparidades entre os 1,3 bilhão de chineses. "O desenvolvimento econômico também produziu uma distribuição injusta, uma falta de confiança, corrupção e outros problemas. Estou profundamente consciente de que esses problemas precisam de uma série de reformas no sistemas político, mas também de mudanças econômicas e nas lideranças do partido e do Estado", disse.

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Umas das principais reivindicações diz respeito aos preços imobiliários, que Wen prometeu controlar. Há também a questão da concentração de riqueza da população urbana, beneficiada sobre os moradores das áreas rurais. A harmonia social é uma obsessão do Partido Comunista, que justifica o totalitarismo sobre a promessa de estabilidade e prosperidade. 

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