O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, devolverá três meses de seu salário após a revelação de que as assembléias organizadas pelo governo para ouvir as queixas dos cidadãos eram uma farsa, informa nesta quinta-feira a imprensa japonesa. "Temos que enfrentar o assunto de maneira firme para não perder a confiança pública", disse na quarta-feira Abe ao porta-voz do governo, Yasuhisa Shiozaki, segundo o jornal "Nikkei". O líder japonês pediu a Shiozaki que estabeleça rapidamente um sistema que permita reuniões diretas com os cidadãos. Além de Abe, o porta-voz, atual encarregado dos encontros públicos, o ministro da Justiça, Jinen Nagase, e outros membros do governo mostraram sua intenção de ceder três salários. As assembléias foram criadas em junho de 2001 e desde outubro de 2005 seu responsável era Abe, que exercia o cargo de porta-voz e secretário-chefe do Gabinete de Junichiro Koizumi. Segundo o jornal, o salário mensal de Abe era de cerca de US$ 19.830, que foi reduzido recentemente para US$ 13.900, como parte de um programa governamental de austeridade. De qualquer forma, ele só abrirá mão de US$ 2.881, a parcela que recebe como chefe de governo. O resto é o seu salário como membro do Parlamento. O escândalo é o primeiro que afeta Abe desde que ele assumiu o poder, em setembro. Uma comissão governamental afirmou que em 15 das 174 assembléias cívicas de membros do governo as perguntas tinham sido previamente combinadas. O relatório também revelou que a maioria dos participantes das 71 sessões foram escolhidos. Em 29 delas, funcionários do governo se infiltraram como cidadãos comuns para formular perguntas.