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Primeiro-ministro japonês renuncia

Vencedor das eleições de agosto, Yukio Hatoyama disse ter fracassado em sua promessa de retirar base americana de Okinawa

Por Associated Press e Reuters
Atualização:

TÓQUIO - O primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, decidiu nesta terça-feira, 1º, apresentar sua renúncia, alegando ter perdido a "confiança do povo" japonês. Hatoyama, que venceu as eleições de agosto do ano passado, não conseguiu cumprir sua promessa de campanha de fechar uma base militar americana localizada na ilha de Okinawa. O premiê já comunicou a decisão aos membros de sua legenda, o Partido Democrático (PD).

 

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Responsável por colocar um fim a quase meio século de domínio conservador sobre o Parlamento, Hatoyama vinha sendo pressionado por membros de seu próprio partido a renunciar antes das eleições para o Senado, marcadas para julho. Pesquisas de opinião indicavam uma queda na popularidade do primeiro-ministro, criticado por responder de forma titubeante aos pedidos para que a Base de Fuzileiros Navais de Futenma fosse retirada de Okinawa.

 

A decisão afetou o mercado financeiro, que reagiu com otimismo à saída de Hatoyamma. Horas após o anúncio, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio operava em ligeira alta de 0,4%. Para alguns observadores do mercado, a saída do premiê deve resultar uma política econômica mais realista.

 

Hatoyama é o quarto primeiro-ministro japonês a renunciar em quatro anos. Até a noite desta terça-feira, o premiê dizia estar negociando com membros do PD sua permanência no cargo. No início da manhã desta quarta-feira, 2 (horário local), Hatoyama encarou a nação para anunciar sua renúncia.

 

"Desde as eleições do ano passado, eu tentei mudar a política para que o povo japonês deixasse de ser coadjuvante", disse o premiê em uma coletiva de imprensa transmitida nacionalmente. Mas ele admitiu que seus esforços não foram compreendidos. "Por minha culpa, principalmente ", acrescentou.

 

Hatoyama, de 63 anos, citou duas razões para sua renúncia: a questão de Futenma, que levou à demissão de um membro de seu gabinete, e um escândalo de desvio de dinheiro. Neste segundo caso, dois assessores do premiê foram condenados à prisão por falsificação de relatórios de contribuições eleitorais. Hatoyama não foi considerado culpado, mas teve sua imagem manchada pelo caso.

 

Seu gabinete chegou ao poder em meio a grande otimismo. Hatoyama foi eleito com a promessa de forjar uma relação "mais equilibrada" com os Estados Unidos, com quem o Japão tem um acordo de segurança. Um de seus compromissos de campanha era retirar Futenma de Okinawa. A base abriga mais da metade do contingente de 47 mil soldados americanos no Japão.

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Na semana passada, no entanto, o premiê disse que colocaria em prática um acordo de 2006 que previa mover a base para a parte norte da ilha. O anúncio revoltou moradores de Oknawa, que contavam com o fechamento de Futenma. Hatoyama usou as tensões entre as Coreias do Norte e do Sul para justificar sua decisão e atribuiu a escolha à necessidade de garantir a segurança do Japão. "Não havia opção a não ser manter a base em Okinawa", disse.

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