BUENOS AIRES - O primo do presidente argentino Mauricio Macri, o empresário Ángelo Calcaterra, reconheceu nesta segunda-feira, 11, que colaborou com doações ilegais a funcionários dos governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015), em troca de benefícios para obter concessões de obras públicas. O escândalo, que envolve diversos empresários, veio à tona na semana passada, e ameaça respingar no atual presidente argentino.
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Calcaterra é ex-proprietário da empresa de construção IECSA, e se tornou um dos principais empreiteiros do país nos anos Kirchner. No período, Calcaterra ganhou o apelido de “príncipe das obras públicas”. Ele compareceu diante da Justiça por ter sido mencionado nos chamados “cadernos da corrupção”, os oito cadernos em que o ex-motorista da cúpula do kirchnerismo, Oscar Centeno, anotou detalhes de pagamentos de propinas.
O empresário admitiu ter ordenado o pagamento. Segundo o jornal Clarín, Calcaterra disse que foi “pressionado” pelos funcionários kirchneristas para que pagasse para continuar com suas obras. Calcaterra assegurou a um dos promotores do caso, Carlos Stornelli, que fornecerá informações reais e verificáveis sobre os subornos.
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A dúvida é até onde o escândalo envolvendo um parente tão próximo e empresas de construção ligadas à sua família pode afetar Mauricio Macri. Apesar de o processo se debruçar sobre o governo Kirchner, a IECSA também foi beneficiada com obras n o governo Macri.
Ao se apresentar de forma espontânea, Calcaterra pode pedir proteção da Justiça na condição de “arrependido”, o que lhe permitirá ficar em liberdade. Ele negocia com o juiz do caso uma espécie de delação premiada.
Ángelo Calcaterra é filho de María Pía Macri, irmã de Franco Macri, pai do atual presidente argentino e criador do Grupo Macri, o império de empresas de construção, automotivas e coletoras de lixo. Ángelo não é um primo qualquer – era o sobrinho preferido de Franco. Tanto que ele repassou a Ángelo, por preços modestos, duas joias de seu império: a IECSA e a construtora Creaurban, dona de 200.000 metros quadrados de casas de luxo.
No ano passado, Calcaterra já havia decidido se afastar das empresas, depois da revelação de um escândalo envolvendo a obra do metrô de Sarmiento, em Buenos Aires, feita pela IECSA em parceria com a Odebrecht. / EFE e REUTERS