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Principal opositor ao Taleban sofre atentado

Por Agencia Estado
Atualização:

Símbolo da oposição ao Taleban, a milícia radical que governa o Afeganistão, Ahmed Shah Massood encontrava-se em condições graves nesta segunda-feira depois de ter sido vítima de um atentado suicida à bomba no domingo. Surgiram notícias conflitantes a respeito dos ferimentos de Massood, com a agência de notícias russa Itar-Tass, chegando a divulgar que ele havia morrido. Seu irmão, Ahmed Wali, o representante da oposição na Grã-Bretanha, disse que Massood estava em condições críticas depois de ter sido submetido a uma operação para remover estilhaços de sua cabeça. Ele não recuperou a consciência desde a operação, acrescentou. Wali partiu nesta segunda da Grã-Bretanha rumo ao Tajiquistão. O embaixador da oposição na França, Mehrab Mastan, acabou contribuindo para a confusão, ao afirmar a repórteres que a condição de Massood se havia estabilizado e ele havia recobrado a consciência. Também não estava claro se Massood ainda estava no norte do Afeganistão, sem condições de ser removido, ou se havia sido transferido para um hospital no vizinho Tajiquistão. Um diplomata ocidental comentou: "Faz sentido que eles não queiram divulgar nada até que se organizem". Se Massood morrer, a aliança anti-Taleban provavelmente iria entrar em colapso. Sua morte iria dizimar a oposição, que é uma coleção de facções rivais que se enfrentaram enquanto governavam a maior parte do Afeganistão entre 1992 e 1996. Durante aquela época, Massood era o ministro da Defesa no governo de Burhanuddin Rabbani. Quando o Taleban tomou Cabul em setembro de 1996, Massood fugiu para o norte, para seu bastião no Vale de Panjshir. Ele uniu grupos divergentes para tentar evitar que o Taleban assumisse o controle de todo o país. Eles formaram a Frente Unida, mas não obtiveram muito sucesso. O Taleban capturou imensas partes do país, expulsando Massood e sua Frente Unida de bastiões-chave, assumindo o controle de cerca de 95% do país. Sem Massood, consideram analistas, a oposição desmoronará. Não existe uma segunda pessoa forte no comando para assumir o lugar de Massood, e os grupos dentro da Frente Unida provavelmente não se manterão unidos sem uma forte liderança. Massood foi ferido durante uma entrevista em Khodja Bahauddin, no norte do Afeganistão, por volta das 4 da madrugada (horário local) de domingo. Na entrevista estavam dois homens de um país do norte da África, viajando com passaportes belgas, que diziam representar um serviço de notícias identificado como Arab News International, com sede na Grã-Bretanha, segundo um porta-voz da aliança, Abdullah. O artefato explosivo estava escondido numa câmera de televisão disse ele. Um dos homens morreu na hora, e o segundo foi morto ao tentar fugir. Azim Suhail, porta-voz de Massood, também foi morto. Um sobrinho de Massood ficou ferido, assim como Massood Khalili, embaixador da oposição na Índia. "Massood foi o que ficou mais ferido", disse Abdullah numa entrevista telefônica à Associated Press. Ele pediu para que não fosse identificada sua localização. A oposição acusou pelo atentado o Taleban e o governo do Paquistão, que, segundo ela, apóia a milícia islâmica com armamentos, dinheiro e treinamento militar. Abdullah disse que é significativo que os homens usados no ataque fossem árabes do norte da África. "É uma evidência do maior envolvimento de terroristas internacionais nos assuntos afegãos", afirmou, referindo-se ao dissidente saudita Osama bin Laden, que teria campos de treinamento de terroristas dentro do Afeganistão. O Taleban nega a existência dos campos, mas se recusa a entregar Bin Laden aos Estados Unidos para ser julgado por acusações de ter arquitetado dois atentados à bomba em 1998 contra duas embaixadas americanas na África Oriental.

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