Prisão de extremistas reaviva receios na Europa

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Por Agencia Estado
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A captura, em Londres, de vários extremistas islâmicos que estariam planejando um atentado, e a prisão, ontem, em Paris, de um "químico do terrorismo" e de seus três comparsas - e a descoberta, no esconderijo deles, de substâncias usadas na composição de explosivos e de gases tóxicos -, reavivaram, nas capitais européias, os receios de novos atentados. Uma das conseqüências desses temores pode ser verificada nos programas de rádio e TV: dedicados nesta época às coisas e contos do Natal, vários deles cederam lugar às análises de especialistas sobre os perigos que corre a Europa, sobretudo diante do provável ataque militar americano ao Iraque. Entre os cenários projetados para a Europa, não consta, contudo, o da utilização de armas de destruição em massa. O general Claude Meyer, autor do best-seller "A Arma Química", fez o que pôde ontem, na TV, para tranqüilizar os franceses. Visto o cerrado dispositivo de prevenção e repressão montado nos países europeus, ele explicou, nenhuma organização terrorista terá condições de concentrar, articular e distribuir toda a quantidade de armas químicas necessária a um ataque mortífero de largas proporções. "Esse material será hoje detectado antes de qualquer uso", garantiu. No entender do general e de sua colega Dominique Leglu, autora de "A Ameaça Bioterrorista - a Guerra do Futuro" , o cenário mais previsível para a conjuntura será o dos atentados isolados nos metrôs, estações ferroviárias e outros locais densamente freqüentados pelo público e que tenham, de preferência, um valor simbólico universal. "Poderão acontecer atentados em que poucas pessoas serão vitimadas, mas com isso estará cumprida a missão essencial do terrorismo que é a de desestabilizar, desorganizar ou suscitar o pânico na comunidade", observou por sua vez Gérard Chaliand, diretora do Centro Europeu de Estudos de Conflitos. Essas conjecturas sobre o terrorismo às vésperas do Natal não chegam a ser atenuadas de todo pelo secretário-geral do Alto Comitê Francês para a Defesa Civil, Christian Sommade. Em relatório ao Senado, ele apontou as insuficiências da França no setor, sobretudo no domínio da formação de pessoal, para lidar com esse novo tipo de guerra invisível. "Contrariamente aos Estados Unidos, ainda não fizemos uma reflexão global sobre o problema", ele afirmou, acrescentando: "Nós nos perguntamos (no Alto Comitê) como reagiremos em caso de ataque, como o perpetrado com gás extremamente tóxico no metrô de Tóquio em 95. Antecipação é a palavra de ordem". Evitando cair no "catastrofismo", Sommade reconhece, afinal, que, apesar das deficiências subsistentes, a França fez sensível progresso em matéria de defesa civil: novos equipamentos para descontaminação de áreas afetadas por gases e bactérias foram adquiridos, assim como de material respiratório para a população.

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