
13 de agosto de 2011 | 10h45
As comunidades não resolverão o problema das gangues apenas com detenções, opina o novo assessor anticrime do governo britânico, o americano Bill Bratton, ex-chefe de polícia nos EUA (onde é conhecido como "supercop", ou superpolicial).
Bratton, que liderou corpos policiais nas cidades de Los Angeles, Nova York e Boston, se encontrará com o premiê britânico, David Cameron, no mês que vem, para discutir a violência nas cidades britânicas.
A onda de choques, destruições e saques que se espalhou pela Grã-Bretanha na semana passada terminou com um saldo de 2,2 mil pessoas presas e com um reforço do policiamento nas ruas.
Cortes judiciais estão trabalhando neste final de semana, para agilizar o julgamento dos indiciados.
Para Bratton - que trabalhou na restauração da ordem em Los Angeles após uma onda de distúrbios, em 1992 - disse à rede americana ABC que "prisões são certamente (uma medida) apropriada para os mais violentos, para os incorrigíveis, mas uma parte do problema pode ser enfrentada de outras maneiras. E não é só uma questão policial, é uma questão social".
Admitindo que as mudanças que considera necessárias talvez não ocorram facilmente, ele acrescentou: "Parte do que o governo (britânico) fará é analisar o que funcionou e o que não funcionou durante a semana passada".
Bratton disse também que vai sugerir que se combinem táticas duras de combate ao crime com o ato de estender a mão às comunidades, para prevenir novos distúrbios.
'Diferenças culturais'
O governo britânico disse que o aconselhamento de Bratton será por um curto período de tempo. Ao mesmo tempo, reações iniciais de policiais indicam que a contratação enfrentará resistência.
O presidente de uma entidade de classe da polícia londrina, John Tully, disse acreditar que o trabalho do americano não será útil.
"Ainda que ele tenha um currículo estelar nos EUA, tem um estilo diferente de policiar. A cultura das gangues é diferente", opinou.
Um ex-comandante da Scotland Yard também se disse cético.
"Os americanos não curaram os problemas sociais de Nova York. O que fizeram foi prender as pessoas. É assim que funciona a política de tolerância zero", disse John O'Connor.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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