Processo de paz no Oriente Médio está minado, diz ONU

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Por Agencia Estado
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O enviado da ONU para o Oriente Médio, Terje Roed-Larsen, reiterou suas críticas a Israel pela inadequada resposta à crise humanitária do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, e denunciou hoje que as bases para a construção da paz entre israelenses e palestinos foram destruídas pela violência de ambas as partes. Neste ponto, acrescentou, só uma força multinacional pode reconstruir a confiança necessária para a retomada do diálogo. A incapacidade a que se vê reduzida a Autoridade Palestina e a espiral de violência de ambas as partes torna indispensável a presença de uma força multinacional que ajude a conduzir a essa segurança almejada e merecida por israelenses e palestinos. "Uma força internacional confiável ajudaria a fazer frente à instituição mais vital e vulnerável da paz: a confiança", concluiu o enviado norueguês. Em uma entrevista à imprensa em Jerusalém, Roed-Larsen teve que defender-se dos meios de comunicação israelenses devido às suas declarações de ontem sobre o "horror" do que viu em Jenin. Roed-Larsen foi duramente atacado pela imprensa israelense. O jornal Maariv o definiu como "o denegridor de Oslo" por seus comentários da quinta-feira sobre Jenin. "Tenho muitos amigos em Israel, incluindo ministros? - disse o enviado, que foi um dos autores do Acordo de Oslo em 1993 -, ?e nenhum deles me qualificou assim, nem creio que me qualifique". O enviado disse não poder avaliar se a devastação, constatada durante as três horas de sua visita ao campo, é resultado de um massacre - como sustentam os palestinos - ou de uma batalha feroz, como dizem os israelenses. ?Não posso dizer sim ou não", declarou Roed-Larsen, já que ainda não existem todos os elementos necessários para uma conclusão. Mas Roed-Larsen garante que, sem dúvida, o processo de paz está minado: não há diálogo há meses e é impossível reiniciá-lo porque o uso excessivo de força por parte dos israelenses e o terrorismo palestino destruíram a confiança de ambos os lados. A operação militar pode ter desmantelado a infra-estrutura física terrorista, que por sua vez pode ser facilmente reconstruída, mas a infra-estrutura mental - o ódio e o clima de confrontação - será difícil de eliminar, disse o enviado da ONU. A economia dos territórios ocupados, Cisjordânia e Gaza, está paralisada e 75% da força de trabalho está desocupada, afirmou o enviado, lançando, ao lado do representante do Banco Mundial, Nigel Roberts, um apelo à ajuda internacional para a reconstrução. Uma reunião a respeito será realizada em Oslo em 24 e 25 de abril. Roed-Larsen também destacou que a destruição das instituições palestinas na operação "Muralha de Defesa", iniciada em 29 de março, corre o risco de ter criado menos segurança e mais anarquia.

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