Procurado por crimes de guerra, Bashir é empossado no Sudão

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Por KHALED ABDELAZIZ
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O presidente sudanês Omar Hassan al-Bashir, o único chefe de Estado procurado por crimes de guerra pela Corte Internacional de Justiça, foi empossado nesta quinta-feira após sua reeleição em uma votação marcada por boicotes. Bashir, que rejeita as acusações de que teria ordenado assassinatos, abusos sexuais e torturas em massa em Darfur, deverá presidir um referendo para a cessão do sul do Sudão o que, segundo analistas, dará independência à região produtora de petróleo. Vestindo um manto e uma touca brancos, Bashir deu boas vindas a chefes de pelo menos cinco Estados africanos presentes na cerimônia, incluindo a Mauritânia, o Chade e o Djibuti. "Esta fase marca um novo começo", disse Bashir a um Parlamento lotado. "Não retornaremos à guerra, e não haverá lugar para minar a segurança e a estabilidade", disse ele. Mas a pompa e circunstância na homenagem ao polêmico líder colocaram diplomatas europeus e funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) num dilema, especialmente em meio às tensões persistentes entre Cartum e o sul semiautônomo. Os combates continuam em Darfur. A União Europeia apoia os esforços para julgar Bashir, mas também quer manter o diálogo para garantir que o referendo não implique a renovação da guerra civil que já dura décadas no Sudão. A ONU disse que enviaria dois importantes diplomatas ao Sudão, apesar das críticas de defensores dos direitos humanos. "Diplomatas que participarem da posse de al-Bashir estarão rindo do apoio de seus governos para a justiça internacional", disse Elise Keppler, conselheiro sênior do Programa Internacional de Justiça do grupo Human Rights Watch.

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