LIMA - O procurador Rafael Vela, coordenador das investigações envolvendo a Odebrecht no Peru, apresentou recurso nesta quinta, 17, contra o afastamento do juiz Richard Concepción Carhuancho, responsável pela prisão de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, acusada de receber vantagens indevidas da empreiteira brasileira.
Carhuancho foi afastado do cargo na terça, 15, por decisão da Segunda Turma Penal de Apelações Nacionais. A corte aceitou ação apresentada pelo ex-chefe de campanha de Keiko, Jaime Yoshiyama, também investigado no caso. Ele acusa o juiz de parcialidade após declarações feitas pelo magistrado sobre a demissão de promotores responsáveis pelas investigações da Odebrecht. À época, Carhuancho afirmou que o Partido Força Popular, de Keiko, havia "capturado" a procuradoria pública peruana.
O afastamento foi considerado 'ilegal' por Vela. O procurador apresentou recurso à mesma turma de apelações por 'evidente indícios de dúvida de imparcialidade' e pede a reinstalação de Carhuancho como juiz responsável pelos processos.
Após decisão da corte de apelações, a juíza Elizabeth Vicenta foi designada para substituir Carhuancho. Fontes ligadas ao judiciário afirmam que a mudança não afetaria nenhuma decisão proferida no caso até o momento.
Na quarta, 16, centenas de pessoas participaram de uma manifestação em frente ao Palácio de Justiça do Peru, no centro histórico de Lima, para protestar contra o afastamento de Carhuancho. Por conta de suas decisões em casos envolvendo grandes figuras políticas, o magistrado se tornou uma figura pública do país e um juiz respeitado. Em 2017, a inteligência policial peruana desarticulou um plano de assassinato contra ele. /EFE