Procurador-geral de Nova York renuncia após denúncias de agressão

De acordo com informações da revista "New Yorker", quatro mulheres denunciaram Eric Schneiderman por agressão física

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O procurador-geral do estado de Nova York, Eric Schneiderman, anunciou nesta segunda-feira, 7, sua renúncia ao cargo, pouco depois da divulgação de denúncias contra ele em relação a supostas agressões físicas contra várias mulheres. Schneiderman informou da sua decisão em comunicado público no qual reconhece que as acusações divulgadas na revista "The New Yorker" podem lhe impedir de realizar seu trabalho "neste momento crítico". Mais cedo, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, recomendou a Schneiderman que ele apresentasse sua renúncia após as denúncias. "Não acredito que seja possível que Eric Schneiderman continue servindo como procurador-geral e, pelo bem da procuradoria, deveria renunciar", afirmou em comunicado. 

O procurador-geral do estado de Nova York.Eric Schneiderman, anunciou nesta segunda-feira, 7, sua renúncia ao cargo, pouco depois da divulgação de denúncias contra ele em relação a supostas agressões físicas contra várias mulheres. Foto: AP Photo/Seth Wenig

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Cuomo disse ter feito essa recomendação como uma "opinião pessoal" e levando em conta o "padrão incriminatório dos fatos e a corroboração" incluída na informação publicada na revista. "Ninguém está acima da lei, nem sequer o mais importante funcionário legal de Nova York", afirmou. No comunicado ele também anuncia que pedirá a nomeação de um procurador de distrito "apropriado" para que comece uma "investigação imediata".

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Escândalo

A reação foi divulgada pouco depois que a revista "New Yorker" informou que quatro mulheres acusam o procurador-geral do estado, com quem asseguram ter mantido uma relação sentimental, de agredi-las fisicamente em várias ocasiões. A publicação menciona que apenas duas das envolvidas, identificadas como Michelle Manning Barish e Tanya Selvaratnam, tornaram públicas suas supostas experiências com o procurador-geral, em prol de "protegerem outras mulheres". Segundo os testemunhos de Manning e Selvaratnam, nos seus encontros com Schneiderman, ele as agrediu sem o seu consentimento, frequentemente quando estavam na cama e depois de ter ingerido álcool, e, embora não tenham denunciado à polícia, requisitaram assistência médica após serem esbofeteadas no ouvido e no rosto.

Selvaratnam, que teve uma relação com o procurador entre o verão de 2016 e o outono de 2017, assegura que Schneiderman lhe advertiu que podia segui-la e interceptar seu telefone. Já Manning Barish afirma que esteve vinculada com Schneiderman do verão de 2013 até o Ano Novo de 2015. Ambas declararam à revista que o procurador-geral de Nova York ameaçou matá-las se rompessem a relação com ele. A "New Yorker" afirma também que uma terceira mulher, que também alega ter mantido uma relação romântica com Schneiderman, garantiu a Manning Barish e a Selvaratnam que ela foi alvo repetidamente de violência física não consentida, mas não o denuncia por medo. Uma quarta mulher, que prefere o anonimato e à qual a revista se refere como uma advogada que ocupou importantes cargos no âmbito legal, relatou que, após rejeitar os avanços do procurador, ele a estapeou com tanta força que lhe deixou uma marca que ficou em seu rosto até o dia seguinte.

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Manning  e Selvaratnam asseguraram à revista que sua angústia e indignação aumentaram quando Schneiderman usou o poder do escritório que dirige para assumir um papel destacado no movimento #MeToo contra os abusos sexuais. "Sua hipocrisia é épica (...). Enganou tanta gente...", lamentou Manning Barish.

Schneiderman é filiado ao Partido Democrata e considerado uma figura destacada no movimento contra os abusos sexuais. Foi eleito para o cargo nas eleições de 2010 e assumiu o posto em janeiro de 2011.

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Em comunicado enviado à revista, ele negou ter abusado de qualquer mulher e indicou: "Na intimidade de uma relação envolvi-me em um jogo de papéis e outras atividades sexuais consensuais". Além disso, negou ter se envolvido "em sexo não consentido", algo que, segundo sustentou, "é uma linha que não poderia cruzar". /EFE

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