Prodi não teme reviravolta no resultado das eleições

O líder da centro-esquerda italiana está confiante em sua vitória e afirmou que a revisão pedida por Silvio Berlusconi não mudará o resultado

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Por Agencia Estado
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O líder da centro-esquerda da Itália, Romano Prodi, disse nesta quarta-feira que não teme uma reviravolta no resultado das eleições, insistindo que sua vitória é segura apesar da exigência de uma recontagem feita pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Em entrevista coletiva concedida à imprensa estrangeira, Prodi mostrou-se convencido de que a revisão de votos pedida pelo atual primeiro-ministro, o conservador Silvio Berlusconi, não mudará o resultado. A coalizão de centro-esquerda União venceu o pleito geral italiano com uma margem muito pequena - um décimo no Congresso e duas cadeiras no Senado. Mas Prodi considera essa vantagem suficiente para ter a "possibilidade de governar durante cinco anos". O premier não quis reconhecer a vitória de seu adversário sem que haja uma confirmação oficial dos votos, após uma nova verificação. "Existem muitas fraudes. Muitas", disse Berlusconi a repórteres na quarta-feira e acrescentou que discutiu as supostas irregularidades com o presidente Carlo Azeglio Ciampi, mas não disse qual foi a resposta do presidente. "Não temo mudanças nos resultados, pois a vitória foi tranqüila", afirmou Prodi, que se disse surpreso de que Berlusconi reclame quando "dispõe de todos os controles". "Ele não confia em si mesmo? Talvez tenha uma espécie de crise de identidade", ironizou Prodi, que, respondendo a perguntas dos jornalistas, disse que Berlusconi "parará quando tiver se cansado". O pleito foi disputado com a lei eleitoral aprovada há apenas quatro meses a pedido de Berlusconi e criticada pela oposição, que considerou que a regra fora feita sob medida para o "cavaliere", como o premier é conhecido. No entanto, a regra acabou levando a esquerda à vitória. "Essa é a ironia que sempre há na vida humana", disse Prodi. Sem coalizão Após a divulgação dos resultados, Berlusconi lançou a idéia de que, perante um país praticamente rachado ao meio na arena política, seria preciso considerar a possibilidade de formar um governo de coalizão. Para o "professore" Prodi, as coalizões são formadas quando não há maioria. "Aqui, ela existe", afirmou o líder da centro-esquerda e ex-presidente da Comissão Européia, que prometeu governar também para os italianos que não votaram nele. O novo governo italiano levará em conta os 16 partidos que formam a União, mas terá "uma forte marca do primeiro-ministro", disse o líder da centro-esquerda. Prodi afirmou ainda que não haverá qualquer mudança em seu programa, pois este "foi feito com a hipótese de ganhar, não de perder", sem compromissos excessivos, o que o leva a ter "a grande vantagem de poder manter todo o prometido". O líder da União assegurou que seu governo não fará reformas constitucional ou da lei eleitoral "contra a oposição", pois para "mudar as regras do jogo, é preciso ter uma grande maioria". Além disso, reiterou que promoverá uma nova lei sobre o conflito de interesses, mas disse que esta não será "uma vingança" contra Berlusconi, "pois a lei é igual para todos" e será feita "aplicando as normas usadas em outros países". Outra das prioridades do novo governo na política externa será a Ásia, particularmente a China. Prodi disse querer "reconstruir uma relação estreita e forte" com o continente. Inevitavelmente, o "professore" foi perguntado sobre o futuro de Berlusconi. Disse não dar conselhos ao premier porque, mesmo se os desse, este "faria justamente o contrário".

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