Professora de assassino revela que havia avisado à polícia

De acordo com Lucinda Roy, Cho Seung-Hui nunca falou de armas nem de assassinato, mas o que escrevia era suficiente para causar preocupação

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Por Agencia Estado
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Uma professora do estudante sul-coreano Cho Seung-Hui, que na segunda-feira matou 32 estudantes da Universidade Tecnológica da Virgínia, previu um ano e meio antes que seu aluno teria um triste fim. Cho se matou após o maior massacre estudantil na história dos EUA. Com a revelação de dados cada vez mais perturbadores sobre a vida do estudante de 23 anos, sua professora de inglês, Lucinda Rody, afirmou na terça-feira, 17, que a ira de Cho contra a sociedade era evidente. Tanto que, há mais de um ano e meio, chegou a procurar as autoridades acadêmicas e a polícia para advertir do perigo que representava. Em declarações à rede de televisão CNN, Roy disse que o estudante nunca falou de armas nem de assassinato, mas o que escrevia era suficiente para causar preocupação. "As ameaças pareciam estar sob a superfície. Não eram explícitas e essa era a dificuldade da polícia" para atuar, explicou a professora. "Meu argumento era de que ele estava tão perturbado que tínhamos que fazer algo ao respeito", acrescentou. Cho cursava o último ano de filologia inglesa e era um estudante muito inteligente, segundo a professora. No entanto, devido ao conteúdo dos seus textos ela decidiu que ele não deveria participar das turmas com os outros estudantes e começou a dar aulas particulares. "Deixei claro que o que ele escrevia era inaceitável", disse, após revelar que pediu que Cho procurasse ajuda médica ou Psiquiátrica. Ian MacFarlen, companheiro de Cho, disse que o estudante sul-coreano escreveu duas obras de teatro "profundamente inquietantes e gráficas" em sua violência. "Eram como um pesadelo. A violência era macabra, distorcida. As armas eram usadas de um modo que ninguém teria imaginado", lembrou. Numa das obras, o personagem fala de matar seu padrasto numa orgia de sangue. "Era um solitário e temos dificuldades para encontrar informação sobre ele", contou Larry Hincker, vice-presidente de relações da Universidade Virgínia Tech. Segundo Kenna Quinet, professora de direito penal da India Purdue University, a solidão é característica dos assassinos em massa, homens que tendem a se sentir alienados e ressentidos com a sociedade. Cho era um residente legal nos Estados Unidos. Ele chegou ao país quando tinha 8 anos e viveu a sua infância e adolescência em Centreville, cerca de 40 quilômetros a sudoeste de Washington. Steve Flaherty, da Polícia da Virgínia, revelou na terça-feira que Cho não deixou uma nota explícita sobre suas ações e seu suicídio. No entanto, a rede de televisão ABC News informou que uma nota achada em seu dormitório continha explicações e a frase "Fui obrigado a fazer isto". O jornal The Chicago Tribune informou que na mesma nota Cho criticava o que chamava de "meninos ricos", "a decadência" e os "charlatões mentirosos" da universidade. A polícia da Virgínia confirmou que Cho parece haver sido o único responsável do massacre. Inicialmente havia a hipótese de que poderia haver mais de um assassino, já que o massacre ocorreu em dois incidentes separados. O primeiro foi num alojamento estudantil, onde Cho matou duas pessoas. No segundo, nas salas de aula da Faculdade de Engenharia, o estudante matou professores e alunos após fechar várias saídas do edifício.

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