Projeto restringe comércio de armas no Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um projeto do deputado Carlos Minc (PT), apreciado nesta quinta-feira na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), cria novas restrições para o comércio de armas de fogo no Estado. Como seis emendas foram apresentadas, o projeto voltará ao plenário na próxima quarta-feira, quando deve ser votado e, segundo Minc, aprovado com 90% dos votos dos deputados, num acordo entre governo e oposição. Ativistas da ong Viva Rio e mães de vítimas de armas de fogo, entre elas as Mães de Acari, estiveram na Casa para apoiar a iniciativa. Entre as novas exigências previstas pelo projeto está a necessidade de apresentação de declarações de três vizinhos, atestando a ?boa reputação? do comprador de armas. Será preciso também passar por um teste de tiro na Academia de Polícia Civil (Acadepol), ao custo de mil UFIR?s, valor hoje equivalente a R$ 1.064, 00. O cidadão deverá, ainda, provar para as autoridades que realmente precisa da arma. Rio tem um milhão de armas ilegais ?Não é o ideal, mas já vai dificultar muito o comércio. O Rio tem 620 mil armas legais e 1 milhão ilegais. De cada 15 pessoas que reagem com armas a assaltos, 13 morrem. É um passaporte para a morte?, afirmou o deputado, que gostou das emendas apresentadas. O sociólogo Rubem César Fernandes, presidente do Viva Rio, acrescentou que as armas afetam sobretudo as pessoas que convivem com seus donos. ?Uma parcela enorme de homicídios acontece entre familiares, amigos, vizinhos, concorrentes?. Segundo Fernandes, esse é o caso de 60% dos assassinatos em São Paulo e de 40% no Rio. Reação O projeto gerou reação da Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Armas. ?Terrorista de ontem é o pacifista de hoje. Pode-se acreditar nas boas intenções deste homem??, pergunta a ANPCA. ?Eu não esperaria outra coisa de defensores da indústria da morte?, respondeu Minc, que na década de 60 pegou em armas contra a ditadura. Coordenador do projeto de desarmamento da ong, o também sociólogo Antônio Rangel Bandeira, reforçou as estatísticas em defesa do projeto. ?O Brasil tem mais de 40 mil homicídios causados por armas de fogo a cada ano. São estatísticas de guerra. No Vietnã, que durou seis anos, morreram 56 mil americanos?. Ele acrescentou que, segundo números do governo estadual, de cada quatro armas apreendidas, três foram compradas legalmente. A norte-americana Jessica Galeria, de 25 anos, manifestou seu apoio ao projeto. Formada em Literatura Latino-Americana, ela pesquisa a violência no Brasil, onde está há um ano e meio, com bolsa do Departamento de Estado dos EUA, e trabalha no Viva Rio. ?Não se pode responder à violência com violência?, disse.

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