Promessas indicam desejo de negociação

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As Farc ainda detêm em seu poder 405 civis, segundo estimativa da ONG País Libre, com base em dados do ministério da Defesa da Colômbia. Entre 2009 e 2011, período em que a guerrilha sofreu duros reveses nas mãos das forças de segurança, 186 dos 800 sequestros que ocorreram no país foram atribuídos ao grupo. A promessa da guerrilha de pôr fim à prática, feita em março, é um sinal de que o grupo estaria disposto a negociar, de acordo com analistas. "As últimas libertações colocam fim a uma etapa. As Farc estão tentando ganhar reconhecimento com essa proposta de acabar com os protestos e construir um ambiente favorável entre a opinião pública para começar a negociar", disse ao Estado, por telefone, o cientista político Carlos Medina, da Universidade Nacional da Colômbia. "Apesar disso, em que pese todos os reveses que sofreram, as Farc não estão derrotadas. Trocaram a guerra pelo controle territorial pela guerra de guerrilha."Segundo a Fundación Nuevo Arco Íris, que estuda o conflito colombiano, as Farc sequestram uma média de 80 a 100 civis por ano, com liberações rápidas em troca de dinheiro. A guerrilha contesta esses números. Em comunicado, o líder do grupo, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timochenko", que assumiu após a morte Alfonso Cano, acusou as cifras de serem "falsas".Diálogo. "As Farc estão interessadas em voltar à mesa de negociação e Timochenko quer uma interlocução direta com o governo", afirmou esta semana o diretor da ONG León Valencia à agência Associated Press.De acordo com os analistas, há três razões principais para essa aposta na desmobilização. A primeira é o aumento no número de ações contra a guerrilha. A segunda é que as Farc sabem que será muito mais difícil conversar a partir de 2013, quando a Colômbia começará a se preparar para as eleições presidenciais do ano seguinte.Por fim, o ambiente regional ainda é favorável. Desde 2010, os governos de Venezuela e Equador têm colaborado com a Colômbia com a captura de homens da guerrilha que atuam em seus territórios, mas as Farc veem em Rafael Correa e em Hugo Chávez potenciais mediadores. Clima político. No entanto, com a doença do presidente da Venezuela, que luta contra um misterioso câncer na região pélvica, e com a eleição presidencial venezuelana marcada para outubro, a situação pode mudar na região. / L.R.

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