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Promotor argentino pede que morte de Nisman seja tratada como assassinato

Dias antes da sua morte, Nisman tinha denunciado à então presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e outros membros do seu governo, por suposto acobertamento dos iranianos acusados do atentado contra a associação mutual judaica Amia de Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos

Atualização:

BUENOS AIRES - O promotor encarregado de investigar a morte em 2015 de seu colega Alberto Nisman pediu nesta quarta-feira que seja convocado para prestar depoimento como investigado o técnico informático Diego Lagomarsino, que lhe emprestou a arma que o matou, e solicitou que a causa seja apresentada como "assassinato" e não como "morte duvidosa".

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Eduardo Taiano reivindicou estas medidas em uma extensa resolução entregue ao juiz do caso, Julián Ercolini, depois que um relatório elaborado por especialistas policiais e peritos estabelecesse em setembro que duas pessoas bateram, drogaram com cetamina e assassinaram Nisman em janeiro de 2015 em seu apartamento de Buenos Aires. "Eu pedi, de acordo com a sentença da junta (de peritos), que Lagomarsino seja indagado como partícipe primário do homicídio de Nisman, porque foi quem forneceu a arma", afirmou Taiano à Agência Efe. Dias antes da sua morte, Nisman tinha denunciado à então presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e outros membros do seu governo, por suposto acobertamento dos iranianos acusados do atentado contra a associação mutual judaica Amia de Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos. Até o momento, na causa, que neste período sofreu constantes reviravoltas judiciais, inclusive acusações de contaminação da cena do crime e o afastamento da primeira promotora designada para caso, o técnico informático é o único indiciado.

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Lagomarsino foi acusado de emprestar a Nisman a arma que acabou com sua vida, o que - segundo assegura - foi um pedido do próprio promotor para proteger suas filhas. No entanto, Lagomarsino não foi investigado por assassinato, mas por uma "morte duvidosa", que é como se definiu a causa desde o princípio, apesar de ter sido impossível determinar se foi um suicídio, um homicídio ou um suicídio induzido.

Promotor Alberto Nismanfoi encontrado morto em 18 de janeiro, quatro dias depois de apresentar uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman Foto: Arquivo/Reuters

Assim, com base nas novas provas, Taiano pediu hoje que se mude o nome do expediente e que a morte de Nisman seja investigada como um caso de homicídio. A defesa de Lagomarsino já tinha solicitado a nulidade do relatório pericial que apoia a hipótese que não foi um suicídio, ao questionar, entre outras coisas, o horário da morte do promotor e a presença de cetamina no seu corpo, uma apelação que foi rejeitada por Ercolini. O técnico informático, cuja figura é muito criticada pela família de Nisman, mantinha uma estreita relação com o promotor - com quem se descobriu que tinha uma conta bancária nos Estados Unidos -, e já tinha apresentado um recurso judicial contra a formação da junta pericial, que acabou sendo rejeitado. O falecido promotor acreditava que a assinatura de um memorando de entendimento entre Argentina e Irã em 2013 que buscava uma colaboração para esclarecer o ataque à Amia, que também segue impune, representa na realidade um pacto para encobrir os supostos terroristas a fim de favorecer o intercâmbio comercial, algo que a ex-governante sempre negou. / EFE

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