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Promotor kirchnerista definirá futuro de denúncia de Nisman contra Cristina

Por Rodrigo Cavalheiro CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

BUENOS AIRES - O kirchnerismo está mais perto de se livrar definitivamente da denúncia do promotor Alberto Nisman, que quatro dias antes de ser encontrado morto com um disparo na cabeça, em 18 de janeiro, acusou a cúpula do governo de acobertar iranianos considerados pela Justiça os autores do atentado contra a uma associação judaica em 1994. 

O futuro da causa será decidido pelo promotor de terceira instância Javier De Luca, integrante do Justiça Legítima, um grupo do Ministério Público e do Judiciário que se apresenta abertamente como kirchnerista. Para o promotor de segunda instância Germán Moldes, que tenta dar uma sobrevida à acusação de Nisman, rejeitada duas vezes na Justiça, o caso parou em De Luca por uma manobra jurídica do governo. 

O promotor AlbertoNisman garantia ter gravações com provas de que o acordo firmado em 2013 entre Irã e Argentina para que os acusados iranianos fossem ouvidos em Teerã era fachada. Foto: Reuters

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Na terça-feira, 14, o recurso de Moldes para que a denúncia chegasse à mais alta corte penal do país foi aceito pelo tribunal de segunda instância que rejeitou investigá-la. Sob alegação de “questões administrativas pendentes”, entretanto, ela não foi distribuída nesta quarta-feira, 15 – isso a teria colocado a cargo de outro promotor. Depois de Moldes prever uma “manobra de engenharia judicial” caso a denúncia não fosse distribuída com rapidez, De Luca acusou o colega de se deixar influenciar por suas preferências políticas. “Levarei o caso adiante se juridicamente o recurso for bom”, disse De Luca.

Se ele considerar que a denúncia não tem força suficiente para que se abra uma investigação, a presidente Cristina Kirchner, o chanceler Héctor Timerman e outros funcionários do governo indiciados ficam livres da acusação. “Seria estranho, pois a procuradoria deveria cultivar um padrão entre seus integrantes”, avalia Martín Bohmer, professor de direito da Universidade de Buenos Aires.

Nisman acreditava que o acordo firmado por Cristina com o Irã, para ouvir em Teerã os acusados do atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), era uma fachada para pactos comerciais e liberação dos suspeitos de ordens de prisão internacionais. 

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