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Promotor pode ser enterrado com vítimas do atentado que investigava

O ato de enterrar Nisman em um cemitério judaico poderia ser simbólico – e poderoso - sinal de que a comunidade considera que o promotor não se suicidou, mas teria sido assassinado

Por Ariel Palacios CORRESPONDENTE BUENOS AIRES
Atualização:

BUENOS AIRES – Em razão das suspeitas sobre as circunstâncias da morte de Alberto Nisman - suscitando dúvidas sobre um eventual suicídio, um assassinato ou um suicídio induzido (que é, legalmente, um homicídio) -, desde a segunda-feira, o caso gerou debates dentro da comunidade judaica argentina sobre como enterrar o promotor federal. 

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Os ritos fúnebres da religião judaica proíbem que um suicida seja enterrado na área comum de um cemitério religioso da comunidade. No entanto, os suicidas contam com uma ala reservada para esses casos, ao lado de um dos muros do cemitério. 

Fontes indicaram ao Estado que Nisman poderia ser enterrado nos próximos dias junto com as vítimas do atentado contra a Amia, no cemitério judaico de La Tablada, na zona oeste da Grande Buenos Aires. No entanto, essa decisão ainda dependia, nesta terça-feira, da família do promotor morto.

O virtual ato de enterrar Nisman com a maior parte das 85 vítimas do atentado que investigou intensamente desde que entrou no caso em 1997 poderia ser um simbólico – e poderoso - sinal de que a comunidade considera que o promotor não se suicidou, mas sim, teria sido assassinado. Dessa forma, constituiria um ato de desafio ao governo Kirchner, que insiste na versão do “suicídio” de Nisman.

Última vítima. Segundo o colunista e editor de política do jornal Perfil, Damián Nabot, Nisman “foi a última vítima da Amia". Nabot, que conversou com Nisman menos de 24 horas antes de sua morte, afirmou que “o corpo sem vida do promotor volta a levar de novo a verdade sobre o atentado na direção às grutas da escuridão”. Segundo o analista, “a democracia argentina foi incapaz de resolver o atentado contra a Amia. A morte de Nisman a depara agora com outro teste”. 

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