Quase mil amigos e familiares das vítimas do trágico incêndio em um supermercado de Assunção no início do mês pediram a destituição da promotora Teresa Sosa. A funcionária do Ministério Público paraguaio declarou que, segundo suas investigações, as portas do supermercado foram "fechadas, mas não bloqueadas". Em entrevista ao canal 4 da televisão local, Sosa alegou que "duas das três portas de entrada e saída do centro comercial Ycuá Bolaños foram fechadas, mas não com cadeados". As palavras da promotora entram em choque com os depoimentos de bombeiros, jornalistas, equipes de resgate e até mesmo de segurança do próprio estabelecimento segundo os quais as portas foram fechadas por ordem de superiores para evitar uma eventual pilhagem do supermercado durante o incêndio. A tragédia resultou na morte de mais de 400 pessoas, enquanto 144 continuam desaparecidas. "Duas das três portas não estavam trancadas com cadeado. Portanto, não se explica a existência de tantos cadáveres nesses setores", acrescentou a funcionária do Ministério Público. Ela colocou seu cargo à disposição. Sua decisão de afastar-se do caso deverá ser avaliada amanhã por seus superiores na promotoria. Depois da declaração da Sosa, a Associação de Familiares das Vítimas do Ycuá Bolaños realizou no sábado uma passeata pelos arredores do local com faixas que acusavam a promotoria de ser "mafiosa", "vendida" e "corrupta". Roberto Almirón, porta-voz da organização, declarou hoje em entrevista coletiva concedida em frente ao supermercado que os familiares e amigos das vítimas querem "a renúncia ou a destituição de Teresa Sosa porque aqui acontece algo raro e ruim". "Se é verdade que as portas estavam abertas, então os clientes tinham vontade de morrer para se transformarem em mártires", ironizou.