
11 de outubro de 2019 | 16h05
WASHINGTON - Em um texto publicado na seção de opinião do jornal The Washington Post nesta sexta-feira, 17 ex-procuradores que investigaram o caso Watergate - que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon, em 1974 - afirmaram que existem evidências convincentes de que Donald Trump cometeu crimes passíveis de impeachment.
Para chegar a essa conclusões os ex-promotores afirmaram que levaram em consideração as declarações públicas do próprio Trump, as conclusões da investigação do promotor especial Robert Mueller, a transcrição que o presidente divulgou de seu telefonema com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, a contínua recusa do presidente em fornecer documentos ou permitir depoimentos de funcionários e ex-funcionários do governo.
Eles disseram que também tiveram importância outras informações agora disponíveis ao público, incluindo mensagens de texto do Departamento de Estado indicando que a liberação de ajuda militar para a Ucrânia estava condicionada à disposição de Kiev em investigar rivais políticos de Trump.
"(No caso Nixon), a Câmara, por meio de sua Comissão Judiciária, (...) analisou as evidências, questionou testemunhas e concluiu que os fatos justificavam a adoção de três artigos de impeachment: um por obstrução, um por abuso de poder e outro por desrespeito ao Congresso", escreveram os ex-procuradores.
"Em nossa consideração (sobre as acusações atuais), os mesmos três artigos de impeachment poderiam ser especificados contra Trump, pois ele demonstrou sérios e persistentes abusos de poder que, a nosso ver, satisfazem o padrão constitucional de 'crimes graves e contravenções'."
Os procuradores defenderam também o direito de os legisladores recorrerem ao impeachment em "circunstâncias extraordinárias" para "restringir e possivelmente remover um presidente que tenha se envolvido em crimes e contravenções graves".
Por fim, eles pediram ao Senado - controlado pelos republicanos - que deixem de lado questões partidárias e cumpram com seus deveres constitucionais se o processo de impeachment chegar até a Casa.
"Em 1974, foi um grupo de senadores republicanos que colocou o interesse nacional acima da lealdade partidária e informou Nixon que sua conduta era indefensável e obrigaria a condenação no Senado e a destituição do cargo", escreveram os ex-procuradores.
"Esperamos que o atual Senado coloque a honra e a integridade acima do partidarismo e do interesse político pessoal."
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