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Promotoria pede execução de Saddam

Promotor pediu a execução de Saddam e três de seus colaboradores pela sua participação no massacre de 148 xiitas na aldeia de Dujail, em 1982

Por Agencia Estado
Atualização:

O promotor-geral do Supremo Tribunal Penal que julga Saddam Hussein pediu nesta segunda-feira a pena de morte para o ex-ditador e três de seus principais colaboradores, na fase final de um julgamento que já dura oito meses. O promotor Jaafar al-Moussawi pediu a execução de Saddam, de seu meio-irmão Barzan al-Tikriti, do ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan e do ex-chefe do Tribunal Revolucionário Awad Bander. Todos são considerados responsáveis pela morte, em 1982, de 148 xiitas na aldeia de Dujail, 60 quilômetros ao norte de Bagdá. Os 148 xiitas foram processados por um tribunal revolucionário por sua suposta participação em uma tentativa fracassada de assassinato de Saddam quando este passava com um comboio presidencial pelo local em junho de 1982. O presidente do tribunal, Raouf Abdel-Rahman, adiou a sessão até 10 de julho, quando a defesa deve apresentar sua argumentação e que pode ser o último de um processo de oito meses. "Segundo o artigo 421 do Código Penal iraquiano, o escritório do promotor solicita a pena máxima contra os acusados Saddam Hussein, Barzan al-Tikriti, Taha Yassin Ramadan e Awad Bandar por sua responsabilidade criminal", disse Jaafar al-Moussawi em sua argumentação final. Os quatro acusados foram responsáveis por "propagar a corrupção no mundo, e nem as árvores sequer conseguiram se salvar deles", afirmou, em referência à política de "terra queimada" empreendida pelo regime de Saddam contra Dujail mesmo depois da morte dos 148 xiitas. Pena máxima No entanto, Moussawi pediu que a pena máxima seja trocada por sentenças de prisão nos casos de três dos acusados, com o argumento de que estavam cumprindo ordens de seus superiores. Estes acusados são Abdullah Ruwayyid, seu filho Mizhar Ruwayyid, e Ali Dayih. Em sua longa alocução, o promotor disse que a tentativa de assassinato de Dujail foi uma "montagem" para justificar o processo e a execução dos 148 xiitas. "O chefe dos serviços secretos em Dujail tinha mudado seis meses antes do massacre - disse o promotor -, o que indica que este fora planejado antecipadamente". Enquanto o promotor falava, Saddam e seu meio-irmão Barzan faziam anotações em um caderno. Eles se abstiveram de falar, obedecendo ao juiz Abdel-Rahman, que ordenara que permanecessem em silêncio enquanto o promotor estivesse falando. O canal de TV que transmite as imagens do julgamento, com uma leve defasagem para poder censurá-las, cortou as imagens imediatamente assim que o promotor acabou sua fala, por isso não pôde ser vista a reação de Saddam e de seus ajudantes, que sempre defenderam a legalidade do ocorrido em Dujail. Os oito acusados ainda têm uma chance de recorrer da sentença do juiz, pois não se trata de um tribunal militar. Paralelamente a este, está em preparação um novo processo contra Saddam e vários de seus colaboradores pela chamada "campanha de Anfal", na qual o Exército iraquiano atacou com armas químicas várias regiões do Curdistão, especialmente o povoado de Halabja. O ataque aconteceu em 1988, em plena guerra com o Irã.

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