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Protestantes ainda hostilizam estudantes católicas

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de cem meninas entre 4 e 11 anos foram nesta quinta-feira acompanhadas dos pais à sua escola católica da zona norte da capital norte-irlandesa sem terem de enfrentar, como nos dias anteriores, uma chuva de pedras de uma multidão de irados protestantes, desta vez mantidos à distância por forte esquema policial. Os manifestantes se contentaram nesta quinta em gritar ofensas contra os católicos e tocar cornetas. A entrada principal da Escola Santa Cruz dá para o enclave protestante na região de Ardoyne. "Fizemos nossas crianças cantarem para que não ouvissem os palavrões", disse Mary Thompson, uma das mães católicas. "Disse à minha filha Shona, de 4 anos, que os protestantes estavam comemorado, com aquelo barulho, a vitória da seleção da Inglaterra sobre a Albânia", destacou Mandy Carson. Na saída da escola, também não houve incidentes. "A comunidade protestante do bairro cumpriu o que prometeu à polícia no dia anterior: que hoje não haveria violência", disse o subchefe da polícia de Belfast, Alan McQuillan. "O protesto desta vez foi mesmo pacífico." Segundo o policial, houve uma "significativa mudança na natureza e no caráter das manifestações", o que permitiu às forças de segurança melhor coordenação de suas ações. O padre Aidan Troy, diretor da escola católica, disse estar aliviado. "Deu para sentir que os protestos foram muito menos intimidatórios e ameaçadores nesta quinta-feira", comentou ele. Os protestantes acusam grupos de católicos de apedrejarem com freqüencia suas casas e iniciaram as manifestações na segunda-feira, primeiro dia de aula depois das férias de verão. Na quarta-feira, quatro policiais foram feridos por uma bomba lançada pelos protestantes. O estado de dois é grave. A organização dos protestos é atribuída a um grupo paramilitar autodenominado Defensores da Mão Vermelha. A católica Philomena Flood disse que ela e mais três parentes receberam ameaças de morte do grupo protestante por telefone. "Eles disseram que todos morreremos se insistirmos em levar nossas crianças à Escola Santa Cruz." O ministro britânico para a Irlanda do Norte, John Reid, conclamou a comunidade protestante a "isolar os responsáveis pelos recentes ataques". Numa entrevista, ele afirmou que vai investigar se existe uma relação entre os Defensores da Mão Vermelha e a Associação de Defesa do Ulster (UDA), que decretou cessar-fogo. A UDA usou no passado a mesma denominação; Defensores da Mão Vermelha. Embora a UDA reafirme seu respeito ao cessar-fogo, há uma crescente evidência de que isso não vem ocorrendo na prática, acusou Reid. Ele pediu o fim imediato das hostilidades a ambas as partes. "Se isso não ocorrer, vamos adotar as ações necessárias."

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