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Protesto em Buenos Aires acaba em quebra-quebra

Por Agencia Estado
Atualização:

Terminou em graves incidentes a manifestação anti-Alca realizada nesta sexta-feira em Buenos Aires. Os incidentes ocorreram no trecho final de uma marcha de protesto que partiu do Congresso, passou pela city financeira portenha e o Palácio San Martín, sede da chancelaria argentina, e tinha como ponto de chegada o Hotel Sheraton, onde estava sendo realizado o Sexto Fórum Empresarial das Américas. Mais de três mil manifestantes quebraram as vidraças de bancos, principalmente os estrangeiros, e destruíram cabines telefônicas, além de queimar pneus à forma de barricadas. Os principais empresários do país e do continente, além dos ministros do Comércio das Américas ficaram ilhados durante uma hora e meia. Os manifestantes jogaram pedras e coquetéis molotov nos policiais que estavam protegendo o hotel atrás de grades de aço. A polícia evitou o contato com os manifestantes, mas jogou gás lacrimogêneo. Essa manobra dispersou os manifestantes, mas acabou tendo efeitos colaterais, já que parte do gás entrou dentro do hotel, causando mal-estar em participantes do Fórum e hóspedes. Além disso, o costumeiro vento vespertino vindo do Rio da Prata fez com que restos do gás chegassem até a Chancelaria, a duas quadras de distância, onde estavam os integrantes do Comitê de Negociações da Alca. Os protestos começaram tranqüilos no início da tarde, quando a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) dissidente realizaram duas manifestações paralelas, respectivamente na praça do Congresso e na Praça de Mayo, na frente do palácio presidencial. A manifestação organizada pela CTA contou com personalidades dos órgãos de Defesa dos Direitos Humanos argentinos, como o prêmio Nobel da Paz de 1981, Adolfo Pérez Esquivel, e as Avós da Praça de Mayo. Os protestos da CTA incluíram a participação de mais de 200 integrantes da CUT brasileira. Kjeld Jakobsen, secretário de Relações Internacionais da CUT, disse ao Estado em Buenos Aires que a Alca, se for implementada, ?vai ser um desastre?. Segundo ele, ?está claro que os EUA vão querer nos vender todos seus produtos e não vão deixar que os nossos produtos entrem em seu território?. Jakobsen afirmou que a polícia argentina proibiu a entrada de 900 brasileiros que vinham a Buenos Aires para as manifestações: ?Alguns ônibus não puderam sair de Uruguaiana (RS), e outros de Paysandú (Uruguai) para o lado argentino Eles foram barrados sem explicação alguma?. No meio da tarde, deputados do partido Esquerda Unida exigiram explicações ao vice-ministro do Interior, Lautaro Batallán, pelo impedimento de entrada na Argentina dos brasileiros. Segundo os deputados Vilma Ripoll e Patricio Echegaray, esse incidente se constitui em ?um conflito diplomático entre a Argentina e o Brasil?. O secretário-geral da CTA, Victor de Genaro, saudou os sindicalistas brasileiros e disse que ?em breve, os trabalhadores do Brasil darão a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais?. Coincidindo com as jornadas de protesto, a polícia federal preparou uma operação de simulação de evacuação do Presidente da República para o caso de uma ameaça de bomba na Casa Rosada, o palácio presidencial. Quatrocentos policiais participaram da simulação, que incluiu um sósia do presidente Fernando de la Rúa e um helicóptero, que trasladou o presidente ?falso? para a segurança da residência oficial de Olivos.

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