Protesto em Sucre pára Constituinte

Manifestação pela volta da sede de governo à cidade deixa 21 feridos; vice de Evo propõe suspensão da Assembléia

PUBLICIDADE

Por Afp e Reuters
Atualização:

Uma nova onda de protestos impediu que a Assembléia Constituinte boliviana, com sede em Sucre, retomasse as sessões após um recesso de 21 dias. Centenas de estudantes e membros de organizações civis cercaram o prédio onde os deputados constituintes se reúnem e atacaram suas instalações com pedras e coquetéis molotov, na madrugada de quarta-feira e manhã de ontem. A polícia tentou dispersar a multidão com gás lacrimogêneo e, nos confrontos, 21 manifestantes ficaram feridos, segundo agência de notícias estatal ABI. Outros oito foram presos. De acordo com autoridades de Sucre, os feridos podem chegar a centenas. Em meio aos episódios de violência, o vice-presidente Álvaro García Linera apresentou um projeto de lei para suspender temporariamente a Assembléia. Não ficou claro quanto tempo duraria a suspensão proposta por García Linera. Mas um senador governista, Guido Guardia, anunciou o envio de outro projeto sugerindo um recesso de dois anos para a Constituinte - o que significaria, na prática, o naufrágio do projeto do presidente Evo Morales de redigir uma nova Carta para o país. Os manifestantes de Sucre, opositores de Evo, pediam que a Constituinte incluísse novamente em sua pauta a discussão sobre a mudança da sede do Legislativo e do Executivo bolivianos de La Paz para a cidade. O tema foi retirado da agenda na última sessão antes do recesso, dia 15. Os ataques elevaram as tensões causadas pelas divergências entre os grupos governistas e opositores a respeito das mudanças da nova Carta. "O importante agora é garantir que os parlamentares possam ir ao plenário sem pôr a vida em risco", disse o vice-presidente da Constituinte, Roberto Aguiar. O porta-voz presidencial, Alex Contreras, denunciou uma suposta ligação entre os manifestantes e a União da Juventude Crucenhista - força de choque do Comitê Cívico pró-Santa Cruz, que pede autonomia para essa região.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.