Protesto por estudantes desaparecidos pede renúncia de Peña Nieto

Familiares dos 43 jovens afirmam que o presidente mexicano não tem capacidade para solucionar o caso

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Por Redação
Atualização:
Ato por estudantes desaparecidos em setembro segue com violência pelas ruas do México Foto: Reuters

CIDADE DO MÉXICO - Os protestos pelo desaparecimento de 43 estudantes de magistério no México ganharam um forte tom antigovernamental na segunda-feira com pedidos de renúncia do presidente Enrique Peña Nieto, que completou dois de seus seis anos de mandato.

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Uma manifestação liderada por familiares dos 43 estudantes foi realizada na principal praça da Cidade do México, aos pés do monumento conhecido como Anjo da Independência. Os manifestantes gritavam "Fora Peña".

Os pais dos desaparecidos fizeram pronunciamentos prometendo continuar seu movimento. "Não descansaremos até que nos entreguem vivos nossos filhos", disse Clemente Rodríguez, do comitê de pais de família de Ayotzinapa, cidade onde fica a escola em que estudavam os 43 desaparecidos. Ele exigiu a renúncia de Peña Nieto em razão da "inaptidão" para resolver o caso.

Protesto por estudantes desaparecidos pede renúncia de presidente mexicano, Peña Neto. Foto: Reuters

Felipe de la Cruz, porta-voz dos pais, disse que o protesto reflete a raiva das famílias que não receberam uma resposta sobre o destino de seus filhos.

Alunos de diversas instituições de educação superior leram um comunicado criticando a política neoliberal de Peña Nieto e denunciando a repressão contra as expressões antigovernamentais.

Os estudantes enunciaram cinco pontos que resumem suas exigências: apresentação imediata dos 43 desaparecidos, julgamento e punição dos responsáveis, o fim da repressão, liberdade imediata para todos os presos políticos e, por último, a renúncia de Peña Nieto.

No término da manifestação, assim como aconteceu em outros protestos, alguns mascarados, no caso cerca de 50, depredaram estabelecimentos comerciais e caixas automáticos de bancos.

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A tropa de choque da polícia da capital interveio com o uso de cassetetes e gás lacrimogêneo, o que resultou em pelo menos três feridos, duas mulheres e um homem, que nas imagens divulgadas pela imprensa local apareciam com sangramento na cabeça.

No término da manifestação, assim como aconteceu em outros protestos, alguns mascarados, no caso cerca de 50, depredaram estabelecimentos comerciais e caixas automáticos de bancos Foto: Reuters

Já em Chilpancingo, a capital do Estado de Guerrero, onde ficam as cidades de Ayotzinapa e Iguala - local onde os estudantes desapareceram -, outro grupo de pais liderou um protesto no qual cerca de 300 pessoas fizeram pichações em edifícios.

Alguns participantes encapuzados, armados com pedaços de pau e artefatos incendiários, queimaram três carros da Procuradoria estadual e destruíram outros 20 veículos.

Durante a manifestação, a mãe de um dos desaparecidos declarou que este é o início de "outra luta" mais intensa e advertiu que os ataques vão continuar se seus filhos não forem encontrados com vida.

Além dos atos na Cidade do México e em Chilpancingo, as manifestações se espalharam nesta terça-feira, 2, por mais de 60 cidades em todo o país.

Para tentar conter a maré de descontentamento, Peña Nieto enviou nesta terça ao Congresso uma iniciativa de reformas constitucionais em matéria de Segurança. O governo do presidente sofreu um duro golpe após o incidente dos estudantes desaparecidos e sua aprovação caiu de 50% para 39% no último quadrimestre, de acordo com uma pesquisa publicada també nesta terça. /EFE

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