11 de julho de 2020 | 11h02
BELGRADO - Setenta e uma pessoas foram presas na noite de sexta-feira, 10, durante manifestações em Belgrado, capital da Sérvia, que terminaram em distúrbios. O protesto era contra a gestão da pandemia pelo governo. Um britânico e um tunisiano estavam no grupo detido.
"Entre os detidos estão muitos estrangeiros", afirmou o chefe de polícia, Vladimir Rebic, em uma entrevista coletiva.
A maioria dos manifestantes era pacífica, mas alguns grupos de homens encapuzados, lançaram fogos de artifício e gritaram slogans nacionalistas, antes de atravessar as barreiras de segurança e se aproximar do Parlamento.
As manifestações em Belgrado começaram na terça-feira, depois que o presidente Aleksandar Vucic anunciou a intenção de impor neste fim de semana um confinamento total à população após os números da covid-19 voltarem a subir no país dos Bálcãs, que tem oficialmente 370 mortes causadas pelo novo coronavírus.
Parte da população acusa o governo de subestimar o balanço, abandonar a população e fazer uma gestão incoerente da pandemia.
As autoridades sérvias impuseram em março um dos confinamentos mais estritos da Europa, antes de o presidente Vucic proclamar "vitória sobre o vírus" e suspender as medidas restritivas no país.
Aparentemente, os protestos são espontâneos, sem líderes e à margem dos partidos de oposição tradicionais. Os manifestantes estão unidos em seu repúdio a Vucic, apoiado por um amplo espectro político, que vai da esquerda à extrema direita.
O governo abriu mão do confinamento, mas proíbe as concentrações com mais de dez pessoas - o que na prática equivale a proibir as manifestações -, e reduziu o horário de bares, lojas e outros estabelecimentos comerciais.
Nas últimas 24 horas, o país registrou 18 mortes e 386 novos contágios por covid-19, informou a primeira-ministra Ana Brnabic, lamentando um "aumento dramático".
Aleksandar Vucic responsabilizou os manifestantes. "Chegamos (a esta situação) devido à irresponsabilidade daqueles que pedem para tomar as ruas", afirmou. "Imploro que as pessoas não saiam para se manifestar porque vão acabar pedindo ajuda aos médicos", disse. / AFP
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