Protestos deixam pelo menos 14 mortos na Síria

Opositores não aceitam negociar com o governo. manifestação ocorreu em Hama, onde oposição foi massacrada em 1982.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Centenas de milhares de manifestantes tomaram nesta sexta-feira as ruas da cidade de Hama, na Síria, em protesto contra o governo de Bashar al-Assad. Em mais um dia de violência, 14 pessoas morreram em vários pontos do país. No dia sagrado dos muçulmanos, a sexta-feira, os manifestantes expressaram insastisfação com a proposta do governo de realizar um diálogo nacional no próximo domingo. A oposição síria quer a renúncia de Assad e se recusa a conversar com o governo. Grupos de direitos humanos dizem que pelo menos 1.400 civis e 350 militares morreram nos enfrentamentos desde o início dos protestos contra o regime, em março. Segundo ativistas, nesta sexta-feira seis pessoas morreram no subúrbio de Damasco, a capital, três em Maarat al-Numan e outras três na cidade de Homs. As outras mortes ocorreram em outras localidades. Segundo um testemunho ouvido pelo serviço árabe da BBC, a manifestação seria ainda maior em Hama se as forças de segurança não tivessem impedido o trânsito de manifestantes que vivem em cidades pequenas do interior. Em 1982, o presidente Hafez al-Assad, pai do atual governante, comandou um massacre contra opositores em Hama. A repressão deixou pelo menos 10 mil mortos. Estados Unidos O incidente ganhou maior proporção por causa da visita, na quinta-feira, dos embaixadores dos Estados Unidos e da França à cidade. O governo sírio acusou os países de ingerência em assuntos internos. Os diplomatas visitaram a cidade supostamente para prestar solidariedade aos moradores locais, depois que 22 pessoas foram mortas nas manifestações do último final de semana. O Ministério do Interior da Síria disse, por meio de nota, que o "sob a desculpa de visitar hospitais", o embaixador encontrou opositores numa tentativa de encorajar mais violência e instalabilidade no país, a fim de sabotar o diálogo nacional. O Departamento de Estado americano negou as acusações. Segundo informações do governo sírio, mais de 200 delegados, inclusive alguns opositores, devem participar da conferência no domingo. Em outro desdobramento diplomático, o Departamento de Estado americano convocou o embaixador sírio nos EUA depois de virem à tona relatos de que a Síria estaria espionando manifestações contra seu regime ocorridas em solo americano. Um porta-voz disse que a Casa Branca "recebeu relatos de que uma missão síria, sob a autoridade da embaixada, estaria filmando e fotografando pessoas participando de demonstrações pacíficas nos EUA. O governo americano leva muito a sério relatos de qualquer governo estrangeiro que tente intimidar indivíduos nos EUA". A Casa Branca também informou que está investigando relatos de que as famílias dos participantes de tais manifestações estariam sofrendo retaliação na Síria. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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